sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Quedas e tombos - parte 1


“A honra não consiste em não cair nunca,
E sim em se levantar a cada queda”
Confúcio



Se o Cefet-RR falasse, ele teria muito a falar sobre mim, principalmente relacionado a quedas.
Com maior relevância ao 1º ano, pois foi nesse ano que eu não estava totalmente adaptada ao Cefet-RR e até ao meu corpo,
Embora eu ainda não esteja... Totalmente.

QUEDA Nº 1

Era uma aula de biologia.

A minha matéria favorita com meu professor favorito: Udine.
Era uma competição de perguntas e respostas, e alguém deveria marcar os pontos no quadro.
Minha letra não é bonita e não costumo escrever no quadro.
Mas sinto uma leve atração por eles,
Possivelmente devido aos meus pais serem professores.
Mesmo assim demorei para tomar a iniciativa,


Mas como ninguém parecia interessado,
E eu sentava bem na frente, como uma boa aluna,
E além do mais não queria deixar o meu professor lá na frente esperando,
Decidi-me a ir escrever.


Dirigi-me a ele que segurava o hidrocor azul (ou preto?!).
Mas antes que pudesse alcançar meu objetivo,
Minha mão a apenas alguns milímetros dele,
Alguém lançou seu corpo contra mim,
E minhas mãos distanciavam-se cada vez mais do hidrocor,
Enquanto meu corpo caía por cima do professor.


Tentando proteger meus olhos,
Só os abri quando vi a mesa do professor,
E meus joelhos haviam se estabilizado no chão
E olhei para o/a louco/a que tentara me matar,
Era a Ana Maria que tivera um ataque repentino de loucura.
Todos riam sem parar e eu, chorando, por meus joelhos machucados,
E rindo ao mesmo tempo pelo imenso mico, sem entender ao certo o que havia acontecido...


É essa foi uma das piores quedas.
Porque foi na frente de TOOOODAAA a sala,
Nas primeiras semanas de aulas...


QUEDA Nº 2


Essa, na minha opinião, foi a pior.

Como já disse em posts anteriores,
Já participei do grupo de teatro da escola.
Embora nunca tenhamos apresentado a peça,
Ensaiamos o ano inteiro,
Todas segundas e quartas (?)


Nós ficávamos descalços o tempo todo
E eu só aparecia na metade da peça,
Então ficava uma meia hora atrás da cortina.
Num certo dia, eu estava muito apertada,
Então fui correndo ao banheiro,
Mesmo descalça
(sei que é nojento, mas se eu fosse para as
cadeiras pegar minha sandália,
Ficaria na cara que eu ia fugir, e era proibido,
maldade, né?! Ainda mais, estava com pressa!)
Então fui com minha amiga, Andressa.

Quando chegamos lá, as moças da limpeza
Estavam (advinhem!) lavando o banheiro.
Eu, com a maior cautela, usei o banheiro
E enquanto a Andressa fazia o mesmo,
Eu já me dirigia á porta,
Para esperar lá fora,
E evitar maiores problemas.


Ooops....
Meus pés deslizam no sabão
E dirijo meu corpo totalmente para o lado
Enquanto sinto aquele frio na barriga
Que nos diz que vamos cair
E não há nada a fazer
Sem o mínimo de controle
Até alcançar o chão
Enquanto ouço o barulho dos meus ossos chocando contra o solo...
É um barulho muitooo alto.


Quando abro os olhos,
E percebo deitada no banheiro
Olhando pela porta pela qual eu iria sair
Enquanto todas as pessoas que jogavam vôley
Na frente da porta olham e riem,
(por que elas não me ajudaram a me levantar, poxa?!)
E, eu com a dignidade que me restava, me levantei,
Enxugando-me do sabão e saindo o mais rápido dali...


Minutos depois, a Andressa sai,
E diz só ter ouvido um barulho,
E quando se dirigia á porta,
Foi alertada pelas moças da limpeza:
“__ Toma cuidado, porque uma menina acabou de cair feio aí”.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Talvez


Eu não tenho leucemia,
E não acho isso tão ruim.
Eu sou meio nerd, admito,
Talvez a pessoa mais nerd que conheço
(também tenho o péssimo costume de exagerar, de vez em quando)
Mas não sei construir um telescópio
E meu conhecimento sobre astros e planetas é bastante escasso.
Eu não tenho um único suéter
Na verdade, não tenho nenhum.
Não faço trabalho voluntário,
Mas tento ajudar as pessoas, do meu jeito.
Não faço parte do grupo de teatro,
Mas já fiz.
Não canto maravilhosamente,
Nem consigo expressar meus sentimentos em melodias excepcionais,
Mas engano com meus textinhos.
Não uso roupas que pareçam burcas,
Nem as agüentaria aqui em Roraima.
Não sou filha de um pastor,
E sim de uma das poucas pessoas que sabem o que é uma estrela de nêutron,
(eu, particularmente, não sei).
Eu não perdi minha mãe,
E isso não me parece ruim.
Eu não canto no coral da igreja,
Não sei cantar, nem ao menos tenho religião,
Mas tenho uma fé em Deus inabalável.
Não sou a rejeitada do colegial,
Nem faço mais parte dele.
Não conheço um garoto lindo, popular e tão rebelde.
Não tenho encantos excepcionais,
Não muito diferente dos demais.
Mas tenho um jeito especial de ser,
E acho que talvez...
Eu mereça um amor pra recordar.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Mãe


Quem poderia falar mais aprofundadamente sobre ela do que eu?

Eu que vivi por 30 anos, no seu ovário,
Do qual só saí com medo de que ela fizesse laqueadura
Antes de eu ter coragem suficiente de
Enfrentar as tubas uterinas
Na espera incerta de um espermatozóide
E se não fosse o momento certo?
E se justamente o espermatozóide mais espertinho e rápido
Tivesse uma anomalia e eu morresse
Sem ao menos ver a luz do sol?!


Mas eu precisava me arriscar...
A Karla e a Raquel
Há 8 e 4 anos, respectivamente,
Tinham sido metidas à espertas
E conseguiram a tão sonhada fecundação
E as tão sonhadas mitoses,
Ficaram rindo de mim
E das minhas colegas de ovário medrosas
Enquanto viravam mórula, gástrula, embrião, feto, até o parto.
Eram tão metidas que ninguém podia sair do ovário
Enquanto elas não estivessem prontas.


A Raquel nasceu,
E todas sabiam que a laqueadura estava iminente.
Algumas colegas se arriscavam mensalmente
Mas eu não conseguia
Poderia arriscar tudo?!
Não! Eu preferiria me desintegrar no ovário!
Pelo menos eu ficaria com a minha querida mãe
Até a menopausa.
Imaginem quase 50 anos, ia ser tão bom...


Não! Isso não basta!!! __exclamou a minha “diabinha corajosa”
Para de ser covarde, Jérula!!!
(não me perguntem como ela/eu sabia que meu nome era Jérula...)
Você tem que enfrentar seus medos.
Realmente, a Jesus (minha mãe) não vai querer uma filha covarde feito você.
Ela nem sabe que você existe.
E nunca saberá!


Não! __gritei, junto com minha “anjinha medrosa”
Ela precisa saber que eu existo.
Eu a amo tanto, ela precisa saber disso.
Mas e se não houver fecundação?! Eu vou parar num absorvente, que horror!!!

Mas...__continuou a diabinha. __Pelo menos você terá arriscado a sua vida por ela.
Não seja pessimista. Nós vamos conseguir.


E consegui.
E a conheci.
Ela era/ é tão linda.
Parecia uma menina, tão pequena, tão magrinha, tão frágil...
Uma princesa...

Mas à medida que eu cresci, e ela também...
Passei a admirá-la cada vez mais...
Ela é tão forte, tão guerreira e tão sensível, e tão compreensível, e tão inteligente, e tão divertida, e tão irresponsável, e tão bagunçeira.

Tem uma habilidade incrível de contar piadas sem graça e explicá-las depois...
Tem uma habilidade incrível de me fazer sentir melhor, quando me acho um lixo...
Tem uma habilidade incrível de fingir ser psicóloga e descobrir meus mais profundos e obscuros segredos...
Tem uma habilidade incrível de me fazer chorar quando chora, de me fazer rir, quando ri, de me fazer ficar chateada, quando está chateada... Por favor fica rica!!!heheh

E agora já faz 17 anos que me arrisquei...e jamais me arrependerei...
E quero parabenizar e principalmente agradecer por você ter nascido no dia 20 de dezembro há alguns milhares de décadas...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Férias

Nem acredito.
Embora eu tenha sido uma das últimas pessoas a ficar de férias da sala.
Não que eu tenha ficado em prova final ou algo parecido,
Afinal, sou uma boa aluna,
E sim, por uma pequena confusão no trabalho de anatomia,
O qual foi apresentado duas vezes no mesmo dia,
Mas ficou tudo bem.

E agora estou de férias,
Com saudade da turma,
Pois mais de 2/3 da sala viajarão de férias,
Então só me resta lembrar de todas as bagunças
Da turma 2012 no seu 1º ano de medicina! Que perigo!!!

É foi uma bagunça.
Teve o pré-trote.
Muita tortura, pés queimados no asfalto de meio-dia, cuim,
Rorai-cola no cabelo com chapinha, depois eu parecendo o bozo,
ainda mais com o batom horrível que passaram em mim.

Teve o trote.
Que foi mais nojento do que torturante.
Mas que teve conseqüências catastróficas,
Como queimadura de 2º grau em alguns,
E de 1,5º em outros.
E 3 mil e poucos reais.

E a calourada.
Gente caindo na piscina.
Eu correndo de fininho.
Antes que fosse tarde demais.
(não sei nadar)
Fratura de fêmur.
Entrada de grupinho no hospital,
Mesmo só podendo visita individual.

E as provas.
Lágrimas.
Exclamações e indagações.
“O que é isso?!”
Tortura psicológica e até física.
Os vasos sensíveis dos meus olhos sofrendo.
Consulta no oftalmologista.
0,5 graus de astigmatismo.
Daqui pro fim do curso você começa a usar óculos.

Biblioteca.
Sala individual.
Sala coletiva.
Shshshs... das bibliotecárias.

Tutorial.
Termos desconhecidos: tudo. O que é analisar? Medicina? Doença? Saúde?
Questões problema: ser ou não ser, eis a questão?!
Prova do módulo.
“Mamãe mandou eu escolher essa daqui...” a.b, c, d, ou nda?!

Prova prática de histologia
O que é isso?
Plasmócito ou macrófago?
Você: macrófago!
Robledo: plasmócito!
Como é que você vai discutir?!

Prova prática de anatomia.
Anda, você tem um minuto pra dizer se é uma tíbia ou uma fíbula,
E se ela é esquerda ou direita.
É, tem que ter visão 3D.

Prova de fisiologia.
Guyton!!!!
Sem ele eu não vivia.
Confiava 100%
Ele era a minha verdade.
O meu tudo!
Até que chegou a última prova.
Não estudei pelos slides.
Como sempre.
Li 2 x o Guyton.
Não era mais o Marco Aurélio.
Ferrei-me...

Belas-artes.
Dramaturgia no IESC.
Escrever e atuar.
Da Vinci na histologia.
Nada de Picasso.
Criatividade na prova do módulo.
Fatores BPSA nas verminoses.
Eles não lavam a mão, droga!!!

Feira de saúde
Cuidar das criancinhas
Sorteio de escova e pasta de dente
Como evitar os piolhos e as cáries?!

Saudades....
De um 1º ano que não volta mais...
E assim espero....



Pra quem não entendeu nada, um pequeno glossário.
Termos desconhecidos:
Tutorial: debate sobre um determinado assunto, ao qual foram estabelecidas questões-problema anteriormente.
Fêmur: osso da coxa.
Tíbia: maior osso da perna.
Fíbula: o outro osso da perna. Meio discriminado. Bem fininho.
Astigmatismo: problema ocular, com deficiência na visão para perto.
Plasmócito: linfócito B modificado. Produz anticorpos nos tecidos.
Macrófago: fagocitose. “come” estruturas.
Guyton: melhor escritor de fisiologia que há.
IESC: interação ensino-serviço-comunidade. Maior contato com a comunidade.
BPSA: fatores bio-psico-socio-ambientais.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Cazuza


Eu sei que já estava devendo esse post há um tempão. Mas agora que estou com o tempo um pouco mais livre (até parece!!!) resolvi escrevê-lo.

Eu não posso dizer com certeza quando passei a amá-lo. Pode ter sido no dia que o vi pela 1ª vez ( pela TV, é claro), pode ter sido no ano passado quando li o livro “Só as mães são felizes” escrito pela mãe dele. Pode ser quando ouvi a música beija-flor pela 1ª vez, ou maior abandonado, ou qualquer outra.

Realmente não sei, só sei que aos poucos minha admiração por esse artista tão maravilhoso foi crescendo tão esplendorosamente que já o considero o maior compositor e cantor do mundo, não tem pra ninguém.

Eu vou mostrar pra vocês o quanto esse artista é admirável a partir de uma conversa que eu tive com ele um dia, ou ainda terei ou fará sempre parte apenas da minha imaginação.

Estava meio escuro, era uma praçinha pequena, com aqueles bancos de praça, parecidos com os da música do Bruno e Marrone. Mas eu não dormi na praça.

Ele sentou ao meu lado. Demorei um pouco para reconhecê-lo e gritei:

__Cazuza! É você?! Meu Deus! Eu te amo tanto. Você é maravilhoso. Como você consegue fazer umas músicas tão lindas, tão verdadeiras e ainda por cima cantar tão bem, com essa sua voz rouca e essa presença de palco?

__Faz parte do meu show, meu amor...

__Meu Deus. Nem em sonho eu imaginei esse momento. Mas, se eu fizer uma pergunta meio indiscreta, você me responde?

__Por você eu faço tudo!

__Ai, eu me sinto tão lisonjeada. Mas... Você não está morto? Como é que eu estou falando com você agora? Será que eu estou louca? Ai meu Deus!

__Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão...

__Está bem então, eu confio em você. E já que você veio me fazer uma visita... Você quer fazer alguma coisa?

__Só se for a dois...

__Sei lá. Ir pra algum lugar. Tem preferência?

__ Me leve para qualquer lado...

__Eu tenho outra pergunta. Sei lá, se você está morto mesmo, deve ter dado um trabalhão vir aqui para o mundo dos vivos. Eu estou adorando a sua visita, mas por que eu? Você quer algo de mim?

__Só um pouquinho de proteção pra um maior abandonado...

__Mas você nem me conhece direito. Nem sabe se eu sou confiável.

__Adoro um amor inventado.

__Eu também. Também tenho essas histórias de amor platônico. Está bem. Vou parar de questionar. Vamos então andar sem rumo por aí.

Andamos um tempão. Ele falou dos seus medos, aflições, alegrias e experiências eu também falei das minhas, embora não fossem tão emocionantes quanto as dele.

Passaram-se horas. O dia estava amanhecendo (que nem na música do Bruno e Marrone, só não apareceu o guarda, ainda bem). E ele parou, segurou minhas mãos e disse que tinha que ir embora e que havia adorado o nosso passeio. Eu meio chorosa respondi:

__Ah, Cazuza. Eu não acredito que você já tem que ir. Mas foi maravilhoso. Inesquecível. Mas você não pode nem ficar mais um pouquinho?!

__O tempo não pára.

E desapareceu...

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Tempos de Aplicação – parte II

Aplicação me lembra a Kelle arrasando o coração dos meninos, e o Hélio arrasando o das meninas.

Me lembra a cantina, em que eu e a Maressa em vez de cada uma gastar o seu um real precioso comprando um pastel sem recheio e um suco, comprávamos dois sucos e um cachorro quente delicioso que compartilhávamos.
Me lembra as ARs andando no corredor e fazendo barreira.

Me lembra as aulas de Inglês em que tínhamos que soltar a Whitney Houston que morava escondida dentro de nós (bem escondida, no meu caso). Me lembra aquela música que toda sexta-feira ensaiávamos (perdoem meu inglês, vou escrever como cantávamos)

Endôôôôôuô, iu love, loviuuuuu, iu love, iu love, loviuuuuuuuuuuououo...

Foi horrível, eu sei, mas são boas lembranças.

Me lembra as reuniões de pais e mestres que meus pais nunca iam, e quando iam, ia apenas a pobre Karla...

Me lembra o Felipe Cabeção (todo Felipe é meio lezinho, né?!), me lembra as turmas 42, 52, 62, 72, 82 (a melhor turma, é claro, eu estava nela)

Me lembra a gincana que a gente ganhou, depois de arrecadar mais de 300 materias de limpeza, depois de termos que enfiar a caneta amarrada a cintura na garrafa de coca-cola numa posição um tanto constrangedora, depois de ter que correr naquele saco de batata, depois de ter que formar com os papéis o nome ESCOLA DE APLICAÇÃO (nesse eu demorei meia hora até me tocar de que eu estava montando ESCOLA DE APLICÃÇAO), foi horrível, eu sei.

Mas eu ainda cantei a paródia que eu tinha feito da música Baba Baby da Kelly Key (imaginem!!!!). Só lembro do refrão:

Na na natureza
Na na natureza

Também me lembra a peça sobre drogas que apresentamos no teatro Carlos Gomes. Foi muito emocionante. Eu era a narradora, ficava meio escondida, mas minha perna não parava de tremer, aposto que todo mundo reparou, parecia convulsão, um ataque epiléptico, algo do tipo...
Mas no final que foi dramático. Eu havia combinado com umas pessoas da sala para cantarmos um repente (vocês sabem o que é? Música lá do Nordeste). Mas no fim da peça eu fui pra frente do palco, e NINGUÉM apareceu. Então fiquei lá na frente de todo mundo e comecei a recitar. Era mais ou menos assim:

Meu amigo eu tenho agora
Uma coisa pra lhe falar
Que a droga é muito ruim
E pode até matar

Agora não lembro o resto. Mas era MUITO grande, e todo mundo ADOROU. Ficou todo mundo tentando acompanhar com palmas e eu fiquei super orgulhosa.

São muitas lembranças mesmo, dessa escola inesquecível, que eu amo de paixão, e que nem couberam nesses dois posts, mas acho que já estou me repetindo bastante e ainda tem muita coisa pra relembrar dos Tempos de Cefet – RR.