Caro príncipe (na atual situação em que nos encontramos, não acredito que devo chamá-lo de Vossa Alteza), essa carta não tem um propósito claro, nem mesmo para mim, apenas me senti no dever de confessar-lhe meus pensamentos a respeito de nossa situação, visto que fomos prometidos um ao outro desde a maternidade, como me disse, certa vez, Cazuza.
Não que eu esteja ansiosa por nosso encontro, todavia já estou com uma certa idade e estou desconfiando até mesmo de sua existência, o que torna nosso compromisso cada vez mais sujeito a rompimentos.
Sei que fui muito diretamente ao ponto, talvez até o tenha assustado (espero, inclusive, que não). Não quero que essa carta transmita qualquer espécie de desespero, uma vez que estou realmente feliz com meu estado civil, contudo me sinto receosa quanto ao intervalo de tempo em que continuarei a esperá-lo.
Não que eu tenha muita escolha, não tenho pretendentes tentadores e compromissos sérios não são meus mais iminentes planos, apenas gostaria de desfrutar de uma companhia certa, em que pudesse sentir-me segura.
É claro que tenho diversas pessoas que atendam a essa minha vontade, como meus familiares e certos amigos, mas acho que não preciso dar muitas explicações para ser claramente entendida.
Também devo adverti-lo de que sua situação e de seus outros amigos, príncipes encantados, está cada vez pior, pelo que tenho percebido entre as garotas.
Sempre fomos educadas a esperá-los por toda a vida, geralmente nem os conhecendo, sendo inclusive influenciadas por nossos contos de fadas prediletos. Embora no meu preferido, “A bela e a fera”, o príncipe não fosse tão encantador (aparentemente).
No entanto, nos mais recentes contos de fadas, influenciados pelo feminismo atual e descrédito dos príncipes encantados em geral, que demoram muito a aparecer, os príncipes passaram a ser vilões ou no mínimo meio retardados, com o perdão da palavra.
Não quero exigir muito de você, embora minha mãe diga o contrário, com meu perfeccionismo excessivo. Não espero que você chegue num cavalo branco com sua armadura e me salve do dragão que vigia o meu solitário castelo.
Não estou em tão trágicas situações e sou feliz, portanto você não precisa ter uma medalha de bravura, nem manejar espada.
Na verdade, imagino que seu maior esforço seria me tolerar no dia-a-dia, me consolar enquanto choro no cinema, me fazer dormir quando quero estudar até tarde e meus olhos estão ardendo, me abraçar quando estou com frio, me elogiar quando estou triste, me aconselhar quando estou perdida, e me amar quando estiver pronto.
P.S.:Quanto aos seus esforços, esperarei retribuí-los da melhor forma. Não que eu tenha muito a oferecer, mas quem sabe será o suficiente?!
P.S.S.: Caso você esteja assustado e eu não atenda às suas expectativas, não se sinta obrigado a permanecer no compromisso, apenas me dê um sinal disso, só não me deixe esperando por você pela eternidade.
Atenciosamente,
E.M.
quem sabe...
Há 13 anos
2 comentários:
que bonitinho...
e meio triste tbm! =S
mas relaxa... acho que todas temos o nosso príncipe... q como vc disse, naum precisa chegar num cavalo branco, com armadura e talz...
Na verdade, é a nossa alma-gêmea!
O problema é justamente ficar esperando.
Só ai é que está a questão: não tem como encontrar alguém compatível ctg, sem antes ter conhecidos os "incompatíveis"
rsrsrsrs xD
ADOREI A CARTA, TANTO QUE COLOQUEI NO MEU ORKUT...
E NÃO É QUE DEU CERTO, APARECEU UM "PRINCIPE" NA MINHA VIDA!!
ADOREIIIIIIII
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