domingo, 25 de janeiro de 2009

Mesário de viagem

Não se pode chamar de diário de viagem, que seria o termo mais comumente utilizado, pois eu me encontrava alienada do mundo digital sem postar no blog, ou talvez fosse o contrário, finalmente eu estava no mundo real e não alienada no mundo digital, mas... Deixa pra lá...
Nada como viajar nas férias de encontro às suas origens e de seus pais, nos dias que passam sem pressa como velhas senhoras que andam apenas pelo costume de andar e não por ter algo há encontrar no fim da caminhada a não ser o início de outra.
Perdoem-me a filosofia, acabei de adquirir mais um filme da minha coleção Johnny Depp, “Um sonho americano”, que é muito filosófico, daí a inspiração.
Viagem à Paraíba, eu, minha mãe e Raquel. Karla iniciou o internato de medicina e meu pai tinha que cuidar da casa. Lá fomos nós três enfrentando a dor de ouvido absurda, que graças a Deus diminuiu dessa vez, o frio e todas as intempéries do caminho aéreo, como as duas conexões em Brasília e Salvador. Com certeza, devem ser lindas cidades, mas não é tão divertido ficar umas três horas em seus aeroportos.

Itinerário

Bayeux: Terra natal minha e do meu pai, toda a família paterna, tias e tios, Vô Tonho querido, idêntico ao meu pai e a mim, primos e primas, bagunças de amigos de infância, os únicos que ainda tenho com toda essa minha vida nômade. Sorvete de frente para casa, lembranças de quando meu avô chegava e entregava moedas de 50 centavos a todos os netos e aquele painel escuro com os sabores de sorvetes em letras brancas lá no alto da parede, quantas dúvidas para escolher o sabor.
Balanço da casa da avó que já não existe mais, fotos antigas, falar mal da vida alheia que ninguém é de ferro, festas das minhas tias, doces e bolos com calda de morango, inhame, medo de estender as roupas no quintal com a cachorrinha que não me conhece, chuveiro que espirra água para todos os lados menos para baixo, rua movimentada até à noite, barulhos de carros. Mas nada disso nos incomoda quando sabemos que nosso pai nasceu e se criou ali e se ele não existisse você não existiria. Tudo tem um gosto de comida caseira, vale mais que a mais cara das refeições.
Primos pequenos e grandes, jovens viram crianças, e crianças viram adultos.

João Pessoa: SHOPPING!!!!!!!!!!!!! PRAIA!!!!!!!!!!!!! LOJAS E LOJAS E LOJAS!!!!!!!!!!! CONSUMISMO!!!! Saudades do carro que ficou em casa, e da motorista Karla também.... Pernas cansadas, pés doloridos e maltratados, olhos enfeitiçados, vitrines oferecidas, McDonalds, arranha-céus, carros, ônibus, pessoas apressadas que mal têm tempo de ver a beleza que os cerca. Mar azul esverdeado e verde azulado, areia branca que nos acaricia o pés enquanto nos queima refletindo os raios solares. Ondas lambem nossos pés e querem nos levar a alto-mar, medo da covarde que nunca aprendeu a nadar, algas e algas que nem incomodam, areia se dissolvendo sob nossos pés e indo para o Oceano Atlântico.
Praia à noite, água fria, areia deliciosa, vento gritante, barraquinhas à beira da praia, tapiocas recheadas, coca-cola hoje e sempre, fotos e fotos, pilhas e pilhas, risadas e piadas...Tudo tão diferente mas parece que estamos em casa, o céu e o mar são o limite e o infinito...

Sossego: Terra da minha mãe e minha terra, todos são parentes e tudo é uma grande família, duas avós maternas enfermas disputando a atenção, uma dengosa e bagunçeira, outra esquecida e encrenqueira com grande preconceito contra afro-descendentes e ambas pouco adeptas a roupas íntimas.. Apenas um avô paterno, e primos e primas, tios e tias, experiências novas e antigas, sorveteria diariamente assim como a coca-cola, vôlei e queimada no meio da principal rua da cidade, expectadores, refeições, MTV, filmes, malhação, visitas ao sítio, vento delicioso, frio e macio, açude, tanques, quedas e quedas, resgates, todos tomando cuidado para eu não cair ladeira abaixo com toda essa minha facilidade a machucados, pipoca, pizza, e bagunça. Deixamos Sossego sem sossego por uma semana.

Campina Grande: Passagem rápida suficiente para visitar mais primas maternas e tias, para ir ao Shopping e adquirir o filme do Johnny Depp, além de assistir Se eu fosse você 2, já que Crepúsculo já havia saído de cartaz.

Viagens: carro, moto, bicicleta, ônibus, avião, escada rolante, todas essas pequenas e grandes viagens que me ocuparam minutos ou muitas horas também fizeram parte das férias acompanhadas de pequenas doses de leitura de A menina que roubava livros, um dia vou terminar de ler esse livro, mas não tenho culpa, tinham tantas coisas acontecendo na minha vida que eu estava sem tempo de ler sobre a vida ou a morte de outras pessoas....

E olha que ainda faltam dois meses de férias...Então boas férias a todos!!!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Pequenos contos de amor

A minha vida amorosa é um fiasco, mas nem por isso pouco divertida ou sem emoções, e são situações que poderiam acontecer com qualquer mortal e acabam sendo coincidências desperdiçadas, uma vez que eu nunca os vi novamente.


1 – Lá estava eu, no meu percurso diário de ir da minha casa alugada para a casa em construção, onde estava alojada minha pastora alemã e filha, para a qual eu sempre levava as refeições duas vezes ao dia. Era um tédio ter que acordar pela manhã e ainda com sono andar dois quarteirões, embora fosse bonito ver a lua ainda no céu rodeada de brumas. Enrolei, mas o objetivo é dizer que eu ia bem jogada, com roupas totalmente de casa sem imaginar que eu poderia encontrar o meu príncipe encantado ou o amor da minha vida na esquina. Mesmo assim estava de tarde, deviam ser seis horas, e só o que eu queria era chegar em casa. Quando eu o vi, ele não tinha uma beleza fenomenal, na verdade mal me recordo do seu rosto, mas ele era bonito, magro, alto, alvo, com cabelos escuros curtos. Eu olhei para ele, embora esse não seja o meu costume, olhar para quem eu não conheça, apenas se for tão bonito que eu precise guardar para sempre na minha memória.
Mesmo assim eu olhei de longe e ele estava olhando para mim. Mico, mico, mico. Desviei o olhar assim que estava bem próximo a ele, talvez tenha desviado demais até dos meus próprios pés, porque eu tropecei. Mico, mico, mico. Eu não caí no chão, afinal Deus é pai, na verdade, eu meio que pulei. Ia caindo mas botei o outro pé na frente e me equilibrei.
O pior não foi isso num instinto de cavalheirismo ele foi com a direção na minha mão, não chegou a tocar em mim, mas como se fosse me segurar caso o meu pé não fosse tão ágil e ainda disse assim assustado: “Opa!”. Mico, mico, mico. Eu quase saí correndo em disparada para casa. Oh, Meu Deus! Ninguém merece.

2 – Viagem de volta da Paraíba, há muitos anos. Lá estava eu e minha prima, observando e admirando obras primas que estivessem expostas nas lojas e até nos corredores também. Então eu o vi, para variar alto, alvo, magro, cabelos pretos cacheados. Ele era realmente bonito. Então eu o mostrei à minha prima e nós ficamos: Ohhhh.... Quando eu adivinhei que ele estaria esperando a sua namorada linda que estava chegando de Paris sei lá. Então, hora do embarque, adeus Paraíba, até algum dia. Sala de embarque. Ele estava lá. Oh, Meu Deus! Destino, coincidência. Não importa, ele é lindo. Olho o cartão de embarque meu e da minha mãe: meio e corredor. Droga, eu sou completamente apaixonada por janela no avião, ver as cidades tão pequenas, ver as nuvens, é muito lindo, sempre parece um sonho exceto pela dor de ouvido mortal que de vez em quando eu sinto.
Então, eu falei, certo, eu sobrevivo, mas bem que a companhia da janela poderia ser bem interessante. Dizendo isso me sentei na cadeira do meio, prefiro ficar imprensada no meio a ficar no corredor. Minha mãe ao meu lado, preparando-se psicologicamente para o vôo, pois eu sofro com a diferença de pressão e ela com o frio, embora eu sinta muito frio também, quando um muito educado rapaz pede licença ao querer passar para sua cadeira na janela. A inveja durou apenas o suficiente até eu perceber que ele e o garoto da possível namorada parisiense eram a mesma pessoa!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Oh, Meu Deus. Obrigada por atender aos meus pedidos.
O melhor foi que não só ele se sentou ao meu lado quanto puxou assunto comigo e com a minha mãe, para onde estávamos indo, de onde éramos. Colhi as informações dele: 17 anos (eu tinha 13), queria fazer Engenharia Civil como o pai, morava na Paraíba, mas ia visitar um tio no Acre (por que não em Roraima? Embora ele tenha dito ter um tio aqui), nome de um antigo jogador de futebol, não revelarei, e muito legal. Depois de horas de conversa, morrendo o assunto ele foi fazer revistinhas Coquetel, eu, a maior oferecida do mundo, exclamei: “Eu adoro Coquetel!”. Mico, mico, mico.
Ficamos lá um tempão, e ele era bem inteligente, até a hora do serviço de alimentação. Coca-cola para nós, a minha era para mim mesmo, mas acabou indo parar na caça dele, para honrar a minha mania desastrada, graças ao bom Deus eu já havia tomado a maior parte, só melou um pouco. Mesmo assim continuamos na Coquetel. Troca de vôo em Brasília, e ele repara na minha camisa Nirvana, quando diz “Você gosta de Nirvana?”. É uma pergunta idiota já que eu estava com a camisa, mas mais idiota foi a minha resposta: “ Gosto, mas prefiro Guns N’ Roses”. Resposta idiota, embora eu realmente goste das duas bandas, os vocalistas se odiavam, eu não sabia, e talvez os fãs se odeiem também, uma vez que ele disse que não gostava muito de Guns.
Troca de avião e nós não ficamos no mesmo, eu fiquei tão chocada que travei, não pedi telefone, e-mail, nada. Embora se ele quisesse tivesse pedido. E ele era lindo, 17 anos, e eu uma idiota de 13. Acho que não daria certo. E não deu.