domingo, 4 de janeiro de 2009

Pequenos contos de amor

A minha vida amorosa é um fiasco, mas nem por isso pouco divertida ou sem emoções, e são situações que poderiam acontecer com qualquer mortal e acabam sendo coincidências desperdiçadas, uma vez que eu nunca os vi novamente.


1 – Lá estava eu, no meu percurso diário de ir da minha casa alugada para a casa em construção, onde estava alojada minha pastora alemã e filha, para a qual eu sempre levava as refeições duas vezes ao dia. Era um tédio ter que acordar pela manhã e ainda com sono andar dois quarteirões, embora fosse bonito ver a lua ainda no céu rodeada de brumas. Enrolei, mas o objetivo é dizer que eu ia bem jogada, com roupas totalmente de casa sem imaginar que eu poderia encontrar o meu príncipe encantado ou o amor da minha vida na esquina. Mesmo assim estava de tarde, deviam ser seis horas, e só o que eu queria era chegar em casa. Quando eu o vi, ele não tinha uma beleza fenomenal, na verdade mal me recordo do seu rosto, mas ele era bonito, magro, alto, alvo, com cabelos escuros curtos. Eu olhei para ele, embora esse não seja o meu costume, olhar para quem eu não conheça, apenas se for tão bonito que eu precise guardar para sempre na minha memória.
Mesmo assim eu olhei de longe e ele estava olhando para mim. Mico, mico, mico. Desviei o olhar assim que estava bem próximo a ele, talvez tenha desviado demais até dos meus próprios pés, porque eu tropecei. Mico, mico, mico. Eu não caí no chão, afinal Deus é pai, na verdade, eu meio que pulei. Ia caindo mas botei o outro pé na frente e me equilibrei.
O pior não foi isso num instinto de cavalheirismo ele foi com a direção na minha mão, não chegou a tocar em mim, mas como se fosse me segurar caso o meu pé não fosse tão ágil e ainda disse assim assustado: “Opa!”. Mico, mico, mico. Eu quase saí correndo em disparada para casa. Oh, Meu Deus! Ninguém merece.

2 – Viagem de volta da Paraíba, há muitos anos. Lá estava eu e minha prima, observando e admirando obras primas que estivessem expostas nas lojas e até nos corredores também. Então eu o vi, para variar alto, alvo, magro, cabelos pretos cacheados. Ele era realmente bonito. Então eu o mostrei à minha prima e nós ficamos: Ohhhh.... Quando eu adivinhei que ele estaria esperando a sua namorada linda que estava chegando de Paris sei lá. Então, hora do embarque, adeus Paraíba, até algum dia. Sala de embarque. Ele estava lá. Oh, Meu Deus! Destino, coincidência. Não importa, ele é lindo. Olho o cartão de embarque meu e da minha mãe: meio e corredor. Droga, eu sou completamente apaixonada por janela no avião, ver as cidades tão pequenas, ver as nuvens, é muito lindo, sempre parece um sonho exceto pela dor de ouvido mortal que de vez em quando eu sinto.
Então, eu falei, certo, eu sobrevivo, mas bem que a companhia da janela poderia ser bem interessante. Dizendo isso me sentei na cadeira do meio, prefiro ficar imprensada no meio a ficar no corredor. Minha mãe ao meu lado, preparando-se psicologicamente para o vôo, pois eu sofro com a diferença de pressão e ela com o frio, embora eu sinta muito frio também, quando um muito educado rapaz pede licença ao querer passar para sua cadeira na janela. A inveja durou apenas o suficiente até eu perceber que ele e o garoto da possível namorada parisiense eram a mesma pessoa!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Oh, Meu Deus. Obrigada por atender aos meus pedidos.
O melhor foi que não só ele se sentou ao meu lado quanto puxou assunto comigo e com a minha mãe, para onde estávamos indo, de onde éramos. Colhi as informações dele: 17 anos (eu tinha 13), queria fazer Engenharia Civil como o pai, morava na Paraíba, mas ia visitar um tio no Acre (por que não em Roraima? Embora ele tenha dito ter um tio aqui), nome de um antigo jogador de futebol, não revelarei, e muito legal. Depois de horas de conversa, morrendo o assunto ele foi fazer revistinhas Coquetel, eu, a maior oferecida do mundo, exclamei: “Eu adoro Coquetel!”. Mico, mico, mico.
Ficamos lá um tempão, e ele era bem inteligente, até a hora do serviço de alimentação. Coca-cola para nós, a minha era para mim mesmo, mas acabou indo parar na caça dele, para honrar a minha mania desastrada, graças ao bom Deus eu já havia tomado a maior parte, só melou um pouco. Mesmo assim continuamos na Coquetel. Troca de vôo em Brasília, e ele repara na minha camisa Nirvana, quando diz “Você gosta de Nirvana?”. É uma pergunta idiota já que eu estava com a camisa, mas mais idiota foi a minha resposta: “ Gosto, mas prefiro Guns N’ Roses”. Resposta idiota, embora eu realmente goste das duas bandas, os vocalistas se odiavam, eu não sabia, e talvez os fãs se odeiem também, uma vez que ele disse que não gostava muito de Guns.
Troca de avião e nós não ficamos no mesmo, eu fiquei tão chocada que travei, não pedi telefone, e-mail, nada. Embora se ele quisesse tivesse pedido. E ele era lindo, 17 anos, e eu uma idiota de 13. Acho que não daria certo. E não deu.

Um comentário:

Lucas disse...

Quedas, desastres e respostas idiotas... não vou ficar livre disso nunca também.