Ele era tudo o que eu sempre sonhei: aventureiro, corajoso, galante e como era lindo! Meu Deus! Como ele podia ser tão lindo! No alto dos meus 15 a 16 anos já me deparei com o homem mais lindo que eu veria em toda a minha vida. E olhe que já vivi muito tempo. E já vi muitos homens, mas nenhum como ele... Garibaldi...
Garibaldi... Você já deve ter ouvido esse nome se estudou o mínimo de História do Brasil e mundial. Giuseppe Garibaldi...
Eu não me cansava de admirá-lo, desde a primeira vez que ouvi meu tio Bento falar seu nome, Garibaldi... Só essa palavra já me remetia a tantos pensamentos. Ele lutara pela independência de sua pátria, sendo um dos principais responsáveis por ela, mais tarde, e sua cabeça estava a prêmio na Itália.
Aquele italiano misterioso. Lutara pela sua pátria e agora vinha lutar pela minha, a pátria Rio-Grandense do meu tio Bento Gonçalves, de meu pai, de toda a minha família. A minha pátria e a pátria de Garibaldi.
Assim que o vi, logo percebi que todas as minhas expectativas e suposições não foram em vão, e foram até superadas. Aquele estrangeiro, de língua enrolada, mas que eu entendia como se fosse a minha língua, ele falava a linguagem do coração.
Certo dia, ele me pegou o admirando com os olhos bobos e apaixonados, o que não deveria surpreendê-lo, pois todos na casa de tia Ana e de tia Antônia o olhavam assim, menos a minha mãe, é claro. Que nem mesmo o mais ardente coração poderia aquecer o seu. Mas ele me olhou de um jeito estranho, como se lesse a minha mente. Eu contive timidamente um arrepio, e percebi meu rosto escarlate. Ele então falou:
__Siente-se mal, siñorina?! (Não sei se o italiano se escreve assim, imagino que não, mas foi como entendi. Perdoem-me).
Ele então pegou a minha mão, no meio da conversa de todos na sala, enquanto tia Ana cantava ao piano, e me conduziu para a varanda ventilada.
Desde aquele gesto eu sabia que estaria perdida. Já perdera meu coração para ele, antes mesmo de vê-lo, perdera meu orgulho próprio e soberania sobre mim mesma, pois ele já sabia que eu o amava com toda a minha força, e caso ele correspondesse a esse meu enlouquecido amor, minha mãe nunca permitiria tal namoro. E eu estaria perdida em desespero se não pertencesse a Garibaldi, e se ele não pertencesse a mim.
Ele segurou minha cintura e disse que nunca vira céu mais lindo, nem siñorina mais guapa. Até hoje não entendo porque ele fez isso comigo. Como ele pôde me amar e me fazer amá-lo daquela forma, para me trocar por outra... Anita...
Até hoje esse nome queima em meus lábios. Se ele era tão corajoso, por que não lutara por mim?! Por mim?! Sua menina Manuela?! Eu não fui corajosa o suficiente para enfrentar minha família e ir atrás dele em meio a toda a guerra do Rio Grande?!
Ela foi?! Ela não tinha nada a perder e o seguiu! E eu tinha tudo a perder, só por ter assumido meu amor por ele, ido aos encontros secretos, contrariado minha família e recusando o casamento com meu primo Joaquim. Eu não fui mais corajosa que ela?! A grande Anita Garibaldi?! Ela se acostumara às intempéries da vida e soubera segui-lo nas batalhas, foi para a Itália, com seus filhos.
Mas e para mim, que nunca precisara enfrentar nada, sempre fora protegida por todos?! Não fui mais corajosa ao amá-lo, ao enfrentar quem sempre me amou e quis meu bem?!
Sinceramente, nessa altura da vida, não sei se queria a vida de Anita, que morreu tão jovem... Não... Não queria... Assim não seria eu, seria ela, que ganharia novamente.
Tudo o que eu queria, o que sempre quis, e que nunca terei, a não ser numa vida futura, ou nos céus é o meu italiano... Garibaldi...
Texto baseado livremente no excelente Livro “A casa das sete mulheres” de Letícia Wierzchowski e na brilhante Minissérie “A casa das sete mulheres”, de Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, dirigida pelo brilhante Jaime Monjardim, contando com um inesquecível elenco: Camila Morgado, Thiago Lacerda, Mariana Ximenes, Thiago Fragoso, Samara Felippo, Heitor Martinez, Werner Schünemann, Eliane Giardini, Giovana Antonelli, Daniela Escobar, Marcelo Novaes, Murilo Rosa, Tarcísio Filho, Luís Melo e tantos mais excelentes autores que não acabaria de listá-los aqui.
P.S.: Esse texto elaborado apenas para a autora do post se deliciar com as lembranças e fantasiar com essa linda história também objetiva que os queridos visitantes do blog usufruem de tais obras, não apenas por propaganda, mas por querer que esses amigos possam se deleitar com tais fontes inesgotáveis de prazer.
Acho que me empolguei hoje, não?!
2 comentários:
bom texto... x)
mas naum sou mto fã dessa história (Garibaldi e suas vitórias... tanto as de batalhas, qt as amorosas)
É... Se empolgou mesmo...
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