terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Top tears – Livros (spoiler)

1. A cidade do sol – Eu estou num estágio de quase chorar só em ouvir esse nome e relembrar esse livro. Esse desejo só é reprimido por o final não ter sido muito triste. Mas eu sofri muito. Eu disse MUITO?! Pois é, disse. Eu já contei um pouco da história antes, da vida da Laila, da Mariam e do Tariq no Afeganistão desde a ocupação pela extinta União Soviética até a ocupação pelos EUA. É um livro histórico e instigador. Você não tem como sair o mesmo após lê-lo. A não ser que você não tenha coração nem glândulas lacrimais.

2. O conde de Monte Cristo – Oh, Meu Deus! Nenhum filme ainda conseguiu chegar perto da essência desse livro, e talvez nunca chegue. Como é possível que eles não tenham retratado o fato mais emocionante e torturante de todas as 618 páginas do livro. Edmónd Dantés, destruído e reerguido em busca de vingaça se vê numa rede de intrigas em que pouco precisa fazer para destruir a vida dos seus algozes, que são tão vis que já mortificaram a si mesmos e aos seus familiares. Sua vingaça alcança proporções jamais almejadas por ele, comprometendo até mesmo pessoas inocente, que nem ao menos eram nascidas antes de todo o início. Albert, o filho de sua infiel e amada Mercedes, em defesa de seu pai convida Edmónd a um duelo. Ele não pretende matá-lo, mas não havia outra alternativa, um dos dois haveria de morrer, e possivelmente não seria o Conde, tão habilmente treinado na arte das armas para sua vingança mortal.
No entanto, alguém se impô. Mercedes, a qual o conhecia agora apenas superficialmente como o frio conde que salvara seu filho em Roma. Pelo menos era o que Edmónd achava, quando ela repentinamente invade seu quarto e declara, ainda coberta em seus trajes negros de disfarce:
__Edmónd, não mate meu filho.
E apenas essas palavras, proferidas pela boca daquela que amava o fizeram abdicar da própria vida e se encaminhar ao local de sua morte, inconformado por toda a imensidão da sua vingança ser esvaecida apenas por um sopro daquela que o atingira com sua traição mais profundamente do que qualquer outro que o prendera no Castelo de If. Mas talvez aquela não devesse ser sua hora. É por isso que eu amo, amo mesmo, Alexandre Dumas.


3. A princesa no limite – O 8º livro da coleção em que a maior tragédia que poderia acontecer vem à tona, Mia Thermopolis e Michael Moscovitz, o casal mais perfeito de todos os tempos, que acompanho desde os meus 14 anos, e sonho com o dia em que encontrarei finalmente o meu Michael, chegou ao fim. Não de uma forma qualquer. E sim nas vésperas da viagem do Michael ao Japão, quando a Mia, inconformada por toda a aparente insensibilidade do namorado joga o colar de floco de neve no chão, símbolo de todo o amor que os preenchia há 2 anos ou mais.
Parece idiota, admito. Mas se você acompanha uma série de vários livros desde os 13 anos, sorrindo com suas alegrias, chorando com suas frustrações, você chorará muitas lágrimas quando todo aquele sonho parecer ter chegado ao fim. Por isso, aguardo ansiosa o 10º e último livro a coleção “O diário da princesa” em que enfim tudo será resolvido. Pelo menos é o que eu espero.

4. Harry Potter e as relíquias da morte – Todo fim de uma grande série já é motivos para muitas lágrimas, ainda mais se for uma em que vida e morte se encontram e desencontram constantemente, em que grandes batalhas acontecem simultaneamente. Quando o Harry percebe que terá que morrer para salvar a vida de todos, e que isso sempre estivera pre-determinado eu mal conseguia enxergar as palavras na tela do computador de tantas lágrimas que eu derramava. Eu estava certa da morte dele, e só me restava chorar. Esse é o mal dos livros, nós não podemos fazer nada para mudar um iminente final terrível, apenas esperar até o final e torcer pela piedade do escritor.

5. Crepúsculo – Não é o famoso crepúsculo de que todos falam, e que pretendo ansiosamente ler, e que possivelmente fará parte dessa lista, mas me refiro ao último e 6º livro da coleção “A mediadora” da Meg Cabot, a mesma escritora de “O diário da princesa”, mas ao contrário dessa coleção em que choramos por motivos mais brandos, mas não menos aterrorizantes, como término de namoro e destruição de sonhos, aqui realmente a vida e a morte e até planos paralelos estão envolvidos. A coleção começa a arrancar grossas lágrimas a partir do 4º livro, “A hora mais sombria”, e como era sombria, quando a presença, aparentemente eterna, do fantasma bonitão Hector “Jesse” da Silva, parece extinta. Desde então a nossa querida mediadora Suze e Jesse se descobrem apaixonados o que só aumenta o terror por medo de poderem se separar a qualquer instante, pela morte ou até mesmo pela vida.

6. A casa das sete mulheres – Difícil decidir qual me arrancou mais lágrimas, o livro ou a minissérie, ambos me emocionaram profundamente e estão marcados na minha alma. Manuela de Paula, nome da minha bem futura filha, Garibaldi, que preenche meus sonhos, principalmente encarnado pelo Thiago Lacerda, Esteban e Rosário, que conseguiram ainda serem mais lindos na minissérie, João Gutierrez e Mariana, poupados pelos autores globais por um sofrimento que ocorre e encerra o livro.

7. Olga – Camila Morgado, com toda a sua paixão, transformou o filme do ilustre Jaime Monjardim digno do livro em que fora baseado. Uma das histórias mais lindas de todos os tempos, e com seu final infeliz, e por ser baseado em fatos reais só o deixa mais arrebatador. Lágrimas são poucas para serem derramadas pelo sofrimento de Olga e seus companheiros comunistas. São verdadeiros mártires, não tanto pelas suas idéias, mas por amá-las com tanta paixão.

8. História de fadas – Com vergonha, confesso que é a única obra lida por mim de Oscar Wilde, não por falta de oportunidade, apenas de vontade. Um dos livros menores que já li, em edição escolar, mas não por isso menos merecedor de elogios e lágrimas. Eu devia ter uns 11 anos quando li, e ainda não reli, mas até hoje me recordo dos 4 contos narrados no livro, principalmente o do Hans, um amigo leal para um homem que não merecia, e um rouxinol que sacrificou sua vida pelo amor de um casal que nunca se formou. No entanto, eram mais lágrimas de raiva, como Oscar Wilde pôde ser tão insensível aos seus personagens, permitindo que eles sofressem assim.

9. Os miseráveis – O título já ilustra o quão triste o livro pode ser. Li apenas o adaptado, já que o original são 3 livros. Victor Hugo, com seu romance político mostra até onde pode ir a degradação humana. É um livro que merece ser lido e merece todas as lágrimas que possam umedecer suas páginas, por isso não há graça em lê-los no computador, como eu poderia fazer já que os tenho no PC.

10. Amantes da chuva – No auge da minha leitura de livros infanto-juvenis em que a biblioteca do CEFET-RR era o meu santuário e onde li mais de 70 livros, esse livro me marcou. Hélio e Ivone se conhecem e sentem uma paixão tão arrebatadora, tão enlouquecedora que são capazes de modificar o próprio clima, causando desastres que no início poderia ser interessante, atraindo a mídia, os curiosos, mas o amor deles era tão forte, que causava temporais tão intensos, capazes de destruir tudo e todos, até eles mesmos.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Um encontro esperado


Ele me sorriu ao longe, nem tão longe, uma vez que temos um encontro marcado amanhã.
Era um sorriso de cumplicidade, como se guardássemos um segredo, só nosso.
Plagiando meu caro Cazuza, eu poderia dizer que nossos destinos foram traçados na maternidade, sabíamos que nos encontraríamos de uma forma ou de outra, a não ser que uma grande tragédia ocorresse, felizes ou tristes, que bom que felizes, com sucesso ou fracassados, que bom que com sucesso, com amor ou com angústia, que bom que com muito amor.
As pessoas já estão comentando esse nosso encontro, alguns querem até estar presentes, e isso será ainda melhor, eu sei que ele será apenas meu, mas essas pessoas, minha família, meus amigos, até os meus animais de estimação, de alguma maneira me ajudaram a estar aqui hoje, ansiosa por nosso encontro.
Todos comentam esse encontro, não apenas o meu, mas o de todos de uma maneira geral, que têm essa sorte. Todos dizem que não seremos os mesmos após esse encontro, que seremos melhores e até mais responsáveis. Mas não sei como ele vai conseguir me fazer assim, mais responsável, eu já sou até demais.
Sinceramente, não sei que roupa vestir, mas acho que ele vai me pegar de surpresa, não vai marcar um horário predeterminado, embora seja amanhã. Acredito que ele vá chegar, e eu, desligada, nem irei perceber de imediato. Talvez apenas uma segurança me preencha a alma, ou uma insegurança, pelas maiores cobranças.
Talvez nada mude, como alguns pessimistas e/ou realistas dizem. Mas acho que um encontro desses não pode ser tão insignificante. Não que precise de grandes comemorações, e sim de grandes revoluções internas. Porque finalmente eu estarei lá, e ele também, e então nós seremos um só. Eu e os meus 18 anos.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Mil esplêndidos sóis


Uma história de amor, amizade e respeito numa terra que parece consumida pelo ódio, desprezo e desrespeito aos mínimos direitos humanos.
Tariq e Laila, ainda crianças, são brutalmente levados à tragédia, devendo tomar decisões de adultos, que parecem pessoas tão perversas. Vivem uma história de amor em meio a dor e ao desespero, entremeados por vidas destruídas e sonhos aniquilados como os de Mariam, uma triste mulher que era apenas uma menina quando descobriu a ilusão do amor no mais natural dos sentidos, dos próprios pais.
Khaled Hosseini, escritor do best seller “O caçador de pipas” nos presenteia com uma obra ainda mais grandiosa, que faz qualquer um cair em prantos ao ver a que ponto a crueldade do ser humano pode ir. E que não devemos temer os mortos, a morte, as armas, e sim o próprio homem que é o lobo de sua própria espécie, dos seus ditos irmãos. Sem saber, que ao matar um irmão ele está matando a si mesmo, matando o pouco de vida que existe em seu coração.
“A cidade do sol”, um livro inesquecível. Como nunca se viu. E ainda nos dá esperanças mostrando pessoas que apesar de todo o sofrimento não perdem a força de viver e de fazer a diferença, que parece tão rara. Cada vez mais.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Sonhos perfeitos


Lista dos personagens mais apaixonantes de todos os tempos que nos faz ter toda a vontade de virar um personagem de ficção para viver no seu mundo.

1. Mr. Darcy: Orgulho e preconceito. Jane Austen no seu ápice de inspiração criou o número 1 de todos os galãs de ficção. Ele reúne todas as qualidades apaixonantes: inteligente, bonito, rico, dono de uma linda mansão em Pemberley, amoroso com a família. Únicos defeitos: orgulhoso e preconceituoso. O que nem são propriamente tão graves dependendo da situação. O que eu não daria para ser a Lizzie Bennet?! Embora eu possivelmente não conseguiria recusar seu primeiro pedido de casamento, o que no fim o fez se apaixonar ainda mais e querer ser merecedor dela.

2. Michael Moscovitz: O diário da princesa. 2º lugar apenas por não ter a maturidade e o orgulho irresistível do Mr. Darcy. Lindo, inteligente, divertido, músico, romântico e tudo de bom. Recomendo a todas as meninas e aos meninos para aprenderem como ser um verdadeiro fofo. Não há declaração de amor mais linda do que a que ele fez, respondendo aos cartõezinhos de amor da Mia. Numa tela de computador aparece um castelo com um jardim de rosas vermelhas e numa bandeira há os seguintes versos escritos:
Rosas são vermelhas
Violetas são azuis
Você pode não saber
Mas eu também amo você

3. Jesse: A mediadora. Meg Cabot totalmente inspirada nos antigos romances, os mais perfeitos, por sinal, nos traz um verdadeiro gentleman do século 19 para os dias atuais. Como?! Ele não é nada mais nada menos do que um fantasma. Muito bonitão e corajoso por sinal. Além de ter o jeito teimoso do Mr. Darcy.

4. Aragorn: O senhor dos anéis. Preciso falar alguma coisa?! Se até a estrela vespertina, uma princesa elfa linda se apaixonou por ele, quem sou eu para fazer o mesmo?! Mas como posso impedir. Ele é lindo, corajoso e Rei de Gondor!

5. Capitão Wentworf: Persuasão. Mais um momento de grande inspiração da minha querida Jane Austen. Muito parecido com o Mr. Darcy, mas bem mais simpático. Até gosto dela, mas o que ele viu na Anne Elliot?!

6. Tariq: A cidade do sol. Infelizmente ele é uma vítima da guerra, tanto que só possui uma das pernas, mas ele não deixa de ser perfeito. Não sei como, mas ele me parece uma mistura do Michael e Jessé versão afegã.

7. Luke: Férias. Marian Keyes que o diga. Nunca vi alguém tão descritamente perfeito. A própria Rachel, protagonista do livro vive dizendo que quando vai à casa dele sempre quase escorrega numa poça de testosterona. Meu Deus!

8. Garibaldi: A casa das sete mulheres. Ele foi um grande sacana com a pobre Manuela. Mas e daí?! O que podemos fazer?! Eu e ela nunca poderemos deixar de amá-lo. Passaremos a vida toda assim. Ele com aquele sotaque italiano, o jeito aventureiro, a paixão pela vida e pela liberdade, e pelas mulheres. É claro. Mas é a vida. Acho que sempre temos que amar um conquistador, não?!

9. Érik: O fantasma da ópera. Um incompreendido. Um amante. Um deus. Um músico. Um renegado. Um artista. Um monstro. Um assassino. São tantas controvérsias ao seu respeito que não sabemos se o odiamos ou o amamos. Possivelmente os dois.

10. Landon Carter: Um momento inesquecível. Eu que o diga. Talvez muitas pessoas não conheçam esse livro por esse nome, mas esse personagem ficou mundialmente famoso no filme Um amor para recordar. Com jeito de bad boy escondendo uma alma sensível e linda. Impossível de se apaixonar, não?!


Garotos, desculpa se vocês vomitaram enquanto liam, mas proponho o mesmo para vocês, quanto as garotas. Na verdade, eu sei que esses escritores são um bando de mentirosos que só nos enganam com pessoas que nunca existiriam, mas quem sabe, não existe por aí?! E mesmo assim, é tão bom.....

domingo, 7 de dezembro de 2008

Lua negra


Ele era como a lua. Pensou admirando o céu negro, iluminado apenas por aquela lua imensa que se sentia sua dona, em todo seu esplendor, como vestida para um baile de debutante.
Ele era como a lua. Tão lindo e distante, tão inalcançável, e tão fascinante.

Ele era como a lua. Perfeita quando vista à distância, mas se você olhasse bem fixamente, como ela fazia, veria suas imperfeições, que ela não era totalmente clara, pura, nem branca. Ela tinha sombras, que a assustavam.

E o pior, o pior de tudo que ela descobrira, era que ela não tinha luz própria, exibia com tanta pretensão todo o seu brilho entorpecente que nem a si pertencia, roubava do sol.
Mas ela era tão bela, tão absurda e estupidamente bela, e como ela parecia com ele. Ah, como ela parecia...

Talvez fosse melhor assim, admirá-la à distância, uma distância que a entristecia, mas protegia. Pois se ela se aproximasse, só haveria o frio, a escuridão, e ela poderia cair, e se machucar, e do primeiro penhasco, poderia até se lançar.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Conversa


Ele estava lá, no seu canto, deitado como a vítima de um furacão, de uma tragédia. Eu me aproximei e o encarei. Nunca havia visto ninguém tão mal. Ele parecia acabado, destruído, como se não tivesse concerto, esperando pelo abraço carinhoso da morte.

Eu não estava tão diferente. Tínhamos passado por tudo aquilo juntos. Mas acho que ele foi a maior vítima. Mal falava, deitado num canto, apenas respirando pausadamente, nas que pareciam ser suas últimas forças.

Eu não deveria ter ido lá. Discutir com ele. Seria como chutar cachorro morto, de tão mal que ele estava. Mas que isso importava. Eu também estava morta.

Aproximei-me sem ele perceber, tanto que o peguei de surpresa e assustado como um garoto de cinco anos quando disse isso:

__Está satisfeito agora?!
__Ah, é você?! __Disse ele com desânimo. Como se não soubesse que apenas eu ainda falava com ele.
__ Está satisfeito agora?! __Repeti, pois quando falei da primeira vez ele parecia ainda estar acordando. Então reforcei, não iria brigar com alguém dormindo. Com alguém sofrendo muito sim, não com alguém dormindo.
__O que você acha?!
__Acho que você merece!
__É isso que você pensa?! Parece que tudo que aconteceu não te afetou em nada.
__Não me afetou em nada?! Você está brincando, não?! Eu estou destruída, arrasada. E tudo por culpa sua!
__Não era a minha intenção fazê-la sofrer.
__Não, você não me fez sofrer. Você me fez de idiota. Você me atingiu como nunca ninguém havia feito antes. Não sei como pude ouvi-lo. Foi você que ficou insistindo para eu ser menos exigente, para eu tentar me apaixonar. E agora?! Você tem mais algum conselho brilhante?!
__Desculpa. Eu realmente sinto muito. __Disse ele se reerguendo e recuperando a firmeza na voz. Apenas agora pude ver realmente como ele estava. Um lixo. Não consigo uma palavra melhor. Parecia não dormir há meses, embora quando eu tenha chegado ele estivesse fazendo isso. Estava com a barba crescida, os cabelos desgrenhados, e mais magro, muito abatido.
__Você sente muito?! E eu?! O que eu faço?! Você me deu conselhos antes, pois eu os quero agora. O que eu faço agora para retirá-lo de onde você insistiu para que eu o deixasse entrar?! Como eu posso retirar a imagem dele das profundezas da minha alma, a sua voz dos meus sonhos, e o cheiro dele dos meus devaneios. __Disse eu, começando a chorar, diante do meu próprio desespero frente a sua segurança.
__Eu realmente não sei.
__Ótimo. Não sei como pude ouvi-lo. Não sei como pude acreditar nas suas fantasias. Você me havia dito que ele poderia me amar. Que no amor tudo é possível. E agora?! O que eu faço?! Agora que sei que ele nunca será meu?!
__Se eu falar que ainda há esperança você acreditará?!
__Não, seu drogado! O que você anda fumando, hein?!
__Eu sinto muito. Sinto mesmo. Mas duvido que você esteja sofrendo tanto quanto eu.
__Pouco me importa se você está sofrendo. Eu que não deveria estar. Foi você que pediu. Eu não.
__Mas é o preço, garota. Eu nunca lhe disse que o amor sempre seria correspondido. Isso acontece. Amores não correspondidos são comuns. Agora só nos resta tentar esquecer e tentar aprender algo com isso.
__Eu aprendi algo. A nunca mais lhe ouvir. Como você pode encarar tudo assim agora, depois de tudo o que sonhou comigo, todos os planos que fizemos juntos, todas as fantasias?! Você acha que vou confiar em você novamente?! Ouvir seus conselhos?! Nunca. Jamais. Eu aprendi algo. Você é louco. E um grande mentiroso.
__Não fale assim comigo. Você é a única que tenho e você tem apenas a mim. Nós nos reergueremos dessa. Podemos fazer isso juntos, se você quiser.
__Pois eu não quero. Nunca mais quero vê-lo, nem falar com você. Você não tem idéia do que fez comigo, tem?! Eu nunca me permiti voar tão alto, e agora sofri essa queda tão abissal. Você acha que voarei novamente?! Nunca. Nunca mais usarei essas asas que você me deu. Asas de cera.
__Você não gostou de voar?!
__Não a esse preço. É melhor darmos um tempo. Ou nos afastarmos para sempre.
__Não. Não se afaste de mim.
__Adeus. Vai ser melhor assim.
__Você vai voltar. Eu sei. E eu estarei aqui lhe esperando, de braços abertos.
__Acho que não.
__Eu espero que sim. A dor faz parte da vida. E você vai aprender a gostar dela.
__Você é louco.
__Nunca ouviu dizer que todo amor tem um pouco de loucura.?!
__Mas nem todo coração deveria ter amor.
__Pois eu estou cheio dele. E você um dia me dará novamente a outro rapaz.
__Acho que nenhum outro rapaz quererá você. Você está apenas cacos. E pode ser que da próxima você não volte vivo.
__Estou disposto a correr esse risco.
__Eu não. __Então fui embora, antes que ele falasse qualquer coisa que me convencesse a ficar, e acatar todas as suas loucuras. Ele se achava tão forte. Mas ele era tão frágil. Eu sabia, afinal quem melhor do que eu para conhecer meu próprio coração?!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Autopsicografia


Ela tinha tudo o que queria. Tudo mesmo.
Não que ela tivesse ganhado um pônei aos 2 anos. Mas ela não queria um pônei mesmo. Ela queria uma boneca e ganhou.

Ela tinha realmente tudo o que queria, desde que nasceu. Não que fosse rica, apenas quando pedia algo, seus pais, vencendo todas as dificuldades, realizavam seu pedido.

Ela era feliz. Mas depois se cansou de ter tudo o que queria pelos outros, pelos pais, familiares, e amigos, que a protegiam e queriam lhe dar de tudo. Ela queria ter as coisas por suas próprias mãos. E foi à luta.

Começaram as provas, seus desafios, e ela se tornou a melhor aluna da sala. E estudava, estudava e estudava para tirar as maiores notas. Era o que ela queria e era o que conseguia.

Não que ela quisesse tirar as maiores notas para se sentir superior aos outros, ela não se sentia superior, embora algumas pessoas quisessem que ela se sentisse assim. Ela queria superar a si mesma, superar as expectativas dos professores, tirar a nota máxima. E conseguia. Na maioria das vezes, pelo menos.

Então chegou a prova mais importante de todas, que definiria seu futuro, sua profissão, ela poderia querer a profissão que fosse, que conseguiria, em qualquer lugar do mundo. Não por ela ser um gênio, ou ter uma inteligência fora do normal, nem era esnobe.

Apenas que ela conseguiria, pois ela passaria a vida inteira, deixaria de respirar, de fazer qualquer coisa, apenas lutaria por esse objetivo. Afinal, era fácil, só dependia dela. E então ela escolheu o curso mais difícil, pelo menos em sua realidade, não por querer aparecer, apenas porque parecia incrível e desafiador andar na linha tênue entre a vida e a morte. Era algo que já não dependia apenas dela, por isso um desafio ainda maior.

Mas então algo lhe pegou de surpresa, ou melhor, alguém, com seus olhos de floresta, logo após ela ter passado seu maior desafio até então.

Ele era perfeito. E ela o queria. Ah, como ela o queria... E então quis elaborar algum modo de alcançar seu objetivo: tê-lo. Mas era muito mais difícil do que qualquer aventura pela qual passara. Ela não poderia simplesmente se declarar, perderia a magia, queria que ele a amasse pelo que era, não por gostar dele.

E como demonstrar seu sentimento?! Ela era tímida! Ah, como ela era tímida... E então, ultrapassando suas barreiras, à sua maneira, ela tentou, tentou e tentou. E numa noite de lua cheia, ela descobriu algo que a fez perder a razão. Ela descobriu, tentando conter as lágrimas que se apressavam por sair por aquela fresta súbita que se abria no seu coração infantil, que sangrava pela primeira vez, que ela não teria tudo o que queria. Ela soube, com um simples sinal, ela soube que nunca o teria. Por mais que quisesse. Ah, como ela queria...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Coisas que eu sei


Eu quero ficar perto
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...

Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...

Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...

Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...

Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...

Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...

As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...

Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...

Agora eu sei...
Agora eu sei...
Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Eu sei!

p.s.: A música é cantada pela Danni Carlos, mas quem compôs foi Dudu Falcão... Mil desculpas...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Italiano


Ele era tudo o que eu sempre sonhei: aventureiro, corajoso, galante e como era lindo! Meu Deus! Como ele podia ser tão lindo! No alto dos meus 15 a 16 anos já me deparei com o homem mais lindo que eu veria em toda a minha vida. E olhe que já vivi muito tempo. E já vi muitos homens, mas nenhum como ele... Garibaldi...

Garibaldi... Você já deve ter ouvido esse nome se estudou o mínimo de História do Brasil e mundial. Giuseppe Garibaldi...

Eu não me cansava de admirá-lo, desde a primeira vez que ouvi meu tio Bento falar seu nome, Garibaldi... Só essa palavra já me remetia a tantos pensamentos. Ele lutara pela independência de sua pátria, sendo um dos principais responsáveis por ela, mais tarde, e sua cabeça estava a prêmio na Itália.

Aquele italiano misterioso. Lutara pela sua pátria e agora vinha lutar pela minha, a pátria Rio-Grandense do meu tio Bento Gonçalves, de meu pai, de toda a minha família. A minha pátria e a pátria de Garibaldi.

Assim que o vi, logo percebi que todas as minhas expectativas e suposições não foram em vão, e foram até superadas. Aquele estrangeiro, de língua enrolada, mas que eu entendia como se fosse a minha língua, ele falava a linguagem do coração.

Certo dia, ele me pegou o admirando com os olhos bobos e apaixonados, o que não deveria surpreendê-lo, pois todos na casa de tia Ana e de tia Antônia o olhavam assim, menos a minha mãe, é claro. Que nem mesmo o mais ardente coração poderia aquecer o seu. Mas ele me olhou de um jeito estranho, como se lesse a minha mente. Eu contive timidamente um arrepio, e percebi meu rosto escarlate. Ele então falou:

__Siente-se mal, siñorina?! (Não sei se o italiano se escreve assim, imagino que não, mas foi como entendi. Perdoem-me).

Ele então pegou a minha mão, no meio da conversa de todos na sala, enquanto tia Ana cantava ao piano, e me conduziu para a varanda ventilada.

Desde aquele gesto eu sabia que estaria perdida. Já perdera meu coração para ele, antes mesmo de vê-lo, perdera meu orgulho próprio e soberania sobre mim mesma, pois ele já sabia que eu o amava com toda a minha força, e caso ele correspondesse a esse meu enlouquecido amor, minha mãe nunca permitiria tal namoro. E eu estaria perdida em desespero se não pertencesse a Garibaldi, e se ele não pertencesse a mim.

Ele segurou minha cintura e disse que nunca vira céu mais lindo, nem siñorina mais guapa. Até hoje não entendo porque ele fez isso comigo. Como ele pôde me amar e me fazer amá-lo daquela forma, para me trocar por outra... Anita...

Até hoje esse nome queima em meus lábios. Se ele era tão corajoso, por que não lutara por mim?! Por mim?! Sua menina Manuela?! Eu não fui corajosa o suficiente para enfrentar minha família e ir atrás dele em meio a toda a guerra do Rio Grande?!

Ela foi?! Ela não tinha nada a perder e o seguiu! E eu tinha tudo a perder, só por ter assumido meu amor por ele, ido aos encontros secretos, contrariado minha família e recusando o casamento com meu primo Joaquim. Eu não fui mais corajosa que ela?! A grande Anita Garibaldi?! Ela se acostumara às intempéries da vida e soubera segui-lo nas batalhas, foi para a Itália, com seus filhos.

Mas e para mim, que nunca precisara enfrentar nada, sempre fora protegida por todos?! Não fui mais corajosa ao amá-lo, ao enfrentar quem sempre me amou e quis meu bem?!

Sinceramente, nessa altura da vida, não sei se queria a vida de Anita, que morreu tão jovem... Não... Não queria... Assim não seria eu, seria ela, que ganharia novamente.

Tudo o que eu queria, o que sempre quis, e que nunca terei, a não ser numa vida futura, ou nos céus é o meu italiano... Garibaldi...


Texto baseado livremente no excelente Livro “A casa das sete mulheres” de Letícia Wierzchowski e na brilhante Minissérie “A casa das sete mulheres”, de Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, dirigida pelo brilhante Jaime Monjardim, contando com um inesquecível elenco: Camila Morgado, Thiago Lacerda, Mariana Ximenes, Thiago Fragoso, Samara Felippo, Heitor Martinez, Werner Schünemann, Eliane Giardini, Giovana Antonelli, Daniela Escobar, Marcelo Novaes, Murilo Rosa, Tarcísio Filho, Luís Melo e tantos mais excelentes autores que não acabaria de listá-los aqui.

P.S.: Esse texto elaborado apenas para a autora do post se deliciar com as lembranças e fantasiar com essa linda história também objetiva que os queridos visitantes do blog usufruem de tais obras, não apenas por propaganda, mas por querer que esses amigos possam se deleitar com tais fontes inesgotáveis de prazer.

Acho que me empolguei hoje, não?!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O fantasma


Você é tão linda
Quanto a natureza foi má comigo
Dando-me um rosto deformado
Que apenas causa repulsa e sensação de perigo
Naqueles que o vêem

Enquanto o seu belo rosto de anjo
Faz brotar tanto amor e paixão
Até no mais triste, duro
Sofrido e solitário coração

Como Deus pôde ser tão parcial em sua arte?!
Dando a você a mais pura candura e beleza
E a mim, a extrema oposta parte
A face da dor, do medo, da infinita tristeza

Mas, numa tentativa de compensar seu erro
Ele me deu o dom da música e genialidade
Mas nem isso causou menos desespero
Quando você, minha linda deusa,
Deparou-se com a realidade

Por que você não pode me amar agora?!
Apenas porque viu meu rosto feroz
Se já havia me amado outrora
Quando não conhecia o que se escondia sob minha bela voz

Como você pode preferir aquele rapaz
Tão angelical quanto você
Que em seu coração emana tanta paz
Enquanto o meu só mostra o desprazer?!

Se eu fosse bonito tal qual um anjo
Você me amaria?!
Se eu não tivesse a deformidade que esbanjo
Você me escolheria?!

Como você pode ser tão superficial
Doce criança sem ciência
Que para você o principal
É o que cada um traz em sua aparência

Minha música é mais bela que a dele
Minha arte mais admirável
Minha tristeza mais verdadeira
Mas nada disso a torna maleável

Para você um fantasma sempre serei
Sem direito a viver no seu mundo
E para sempre me esconderei
Junto com a minha voz, no abrigo mais profundo
E nunca mais a perturbarei
Com o meu amor por você que era maior que o mundo

E que você recusou sem pensar
Que a minha dor é mais bela
Que a mais bela das criaturas
Porque é verdadeira e singela
E agora habita as profundezas mais escuras
Longe dos olhos cobiçosos e julgadores dos mortais.

domingo, 26 de outubro de 2008

Devaneio


Meu querido Johnny
Que me habita o coração e o pensamento
Quantas noites não passei insone
Enquanto tua imagem a cada momento
Vinha me perturbar sussurrando teu nome

Quantas vezes não me visitastes em sonhos
Prometendo que me apareceria em vida
Sorrindo dos meus olhos tristonhos
Enquanto me acenava em despedida

Quantas vezes em teus filmes não te busquei
Almejando decifrar tua mente
E assim ainda mais te amei
Mais do que achei ser possível num coração adolescente

Quantas vezes não imaginei encontros
Que na minha mente sonhadora
Tornaram-se os mais belos contos
Mas que permanecem ainda presos em sua masmorra

Quantas vezes não desejei que os teus sorrisos fossem para mim
Enquanto eles eram a tantos outros destinados
Mas essa história ainda não chegou ao fim
E espero que um dia nossos caminhos ainda sejam cruzados

Quantas vezes meu coração sorriu apenas de escutar
Tua voz, teu nome ou de apenas te ver
Como ele ficará, nem consigo imaginar
No dia em que estivermos só eu e você

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Encontro


Seus olhos encontram os meus
E você simplesmente ri
E diz:
“E aí?”

Se eu tivesse o visto de surpresa
Tal qual você me viu
Não teria falado nada,
Minha boca calaria num arrepio

Mas eu o vi desde que você surgiu no recinto
Com sua presença marcante
E me recuperando do que sempre sinto
Ensaiei palavras que me fizessem parecer confiante

Você olhou nos meus olhos e sorriu
Eu respondi as palavras mais adequadas para a situação:
“Oi”, balbuciei sorrindo e controlando um calafrio
E você continuou a sorrir da minha triste condição

Você sorriu da minha face escarlate
Ajeitou seu cabelo para trás
Como só você sabe
Mas logo seguiu seu caminho para outra parte

Saiu esquecendo que eu existia
E você estava certo
Eu realmente não existia

Só hibernava
Esperando que nossos olhos se encontrassem outra vez
E ensaiava
Algo mais inteligente para responder
Talvez eu até tocasse em você enquanto conversássemos
Mas apenas talvez

domingo, 19 de outubro de 2008


Morte
Nossa última viagem
Nossa única certeza
Uma triste paisagem
Mesclada de beleza

Forte
Uma dura passagem
Um quê de grandeza
Uma dose de coragem
Nas asas da leveza

Sorte
Nossa última paragem
Num mar de tristeza
Um véu, uma miragem
De assustadora pureza

Corte
Uma fria imagem
Emoldurada com riqueza
Um beijo de voragem
A perda da firmeza
Uma carona na bagagem
Daquela que rouba com fineza

domingo, 12 de outubro de 2008

Incógnita




Eu me pergunto
Num momento de estranho pessimismo
Até quando Deus permitirá
Que eu não caia num abismo

Eu me pergunto
Pensando cá com meus botões
Até quando Deus permitirá
Que o ar entre em meus pulmões

Eu me pergunto
Pensando que talvez isso seja um erro
Até quando Deus permitirá
Que eu não caia em desespero

Eu me pergunto
Como alguém que dizem ser tão benevolente
É capaz de tirar algo
Que já havia dado de presente

Jérula Lima

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

25 de julho, almoço


Eu não consigo acreditar nisso. Eu estou escrevendo nesse diário, e todos os meus amigos sentados comigo nessa mesa olham para mim desconfiados. Tudo bem que possa ser por que fazia quase dois anos que eu não escrevia nele, enquanto estava concentrada no meu livro “Ransom my heart”. Mas eu sei que não é por isso. Todos pensam que sabem o que eu estou escrevendo aqui. Ou melhor, sobre quem estou escrevendo.

Sobre o Michael, óbvio. E sua chegada repentina, além do ingresso no corpo de professores da AEHS.

Está todo mundo preocupado comigo. Juro. Como se eu estivesse com uma doença terminal. Tipo a Jamie Sullivan em “A walk to remember”. Nem consigo calcular o número de pessoas que já me perguntaram se eu estou bem.

Parece que todos pensam que só porque o Michael voltou, mais lindo do que nunca e me deu um abraço super demorado, eu vou pirar.

Tudo bem que eu estou realmente pirando, mas não sabia que eu era tão previsível ou que eu demonstrava tanto meus sentimentos.

Fico pensando se a Lilly publicou no site dela IHATEMIATHERMOPOLIS que quando eu minto minhas narinas inflam. Porque todas as pessoas que perguntaram se eu estava bem, as quais logicamente respondi que estava otimamente bem, não pareceram acreditar muito.

Ah, Meu Deus. Se todas essas pessoas já sabem, nunca mais poderei mentir. Principalmente para o J.P. que foi o que menos acreditou que eu estava bem. Além de ter sido justamente o primeiro a perguntar.

Nós estávamos saindo do corredor e minhas pernas ainda estavam um pouco bambas após aquele abraço tão arrasador do Michael, por isso eu não estava andando tão rápido, embora a nossa aula de Química estivesse já começando. Foi aí que o J.P. perguntou se eu estava bem.

Eu não sabia se ele se referia ao fato de eu estar andando meio cambaleante ou por eu ter visto o Michael após tanto tempo. Apenas sei que não consegui responder, e senti meu rosto queimar muito. Então ele continuou:

__Tem certeza que está bem, Mia?!
__Tenho. Por quê?! __Arrisquei.
__Nada. Você só está um pouco vermelha. __Ele não parecia ter coragem de tocar no assunto. Desde que nós começamos há namorar, há uns dois anos, nunca havíamos falado muito abertamente sobre o Michael, acabamos esquecendo o assunto, mas acho que nós dois sabíamos que eu não o havia esquecido. Não no sentido de esquecer, mas no de parar de amá-lo. E eu acredito que nós dois tivemos hoje a certeza. De que eu ainda o amo.
Eu preferi não dizer nada, pois as lágrimas brotavam dos meus olhos. Eu queria chorar. Meu Deus! Coitado do J.P. O Michael só deu o dom precioso dele para uma amiga por brincadeira e antes de nós namorarmos e eu fiz aquele escândalo. Imagine se eu descobrisse que ele amava a Judith, mesmo namorando comigo há dois anos. Eu o mataria, ou mais provável, eu me mataria. (Meu terapeuta não vai ler isso mesmo).

Na aula de inglês foi a vez da Tina.

Mia, como você está?! Tudo bem?! T.

Tudo, Tina. Por quê?! M.

Oh, você sabe Mia! MM!

Tudo normal.

Mia... Fala sério. Nós estamos falando do MM! E ele voltou super gostoso!

Tina!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mia... Como você se sentiu?!

Ele está muito gostoso mesmo. Eu quase desmaiei quando senti o cheiro do pescoço dele. Sonhei com esse momento por dois enormes e tristes anos. Tina, eu acho que ainda o amo. O que eu faço?! Como posso amar o Michael e namorar o J.P.?! Não quero traumatizá-lo como fiz com o Kenny, que virou um terrorista lutador!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ah, Mia... O J.P. é tão legal... Falando nisso, o que ele disse?!

Nada. Só perguntou se eu estava bem, mas acho que é porque eu estava cambaleando um pouco, depois daquele abraço do Michael.

Coitado.

Tina, não sei se vou dar o meu dom precioso para ele no baile de formatura. Eu sei que prometi. Mas... Acho que você vai sozinha nessa.

Nessa hora, a Tina, que tem a pele um pouco acobreada, ficou incrivelmente vermelha. Acho que é porque ela está ansiosa com a grande noite, que está cada vez mais perto. Até eu estaria nervosa também. Mas não sei se será uma grande noite para mim também. Com certeza não será nada parecido com o que eu vinha sonhando desde o 1º ano.

Ainda há pouco foi a vez da Ling Su, Perin e Shameeka me perguntarem como eu estava. Graças a Deus o Michael não veio para o refeitório, mas em todas as mesas só se fala nele. Não sabia que o Michael era tão popular por aqui. Até vi umas alunas do 1º ano, que me lembraram a Lana, rindo como hienas e ouvi o nome dele. Comentei com a Tina, mas ela falou que eu estava paranóica e voltou a beijar o Bóris. Eles andam tão agarrados ultimamente. Devem ser as expectativas para o grande dia.

A Lana está agora falando comigo, fingindo não estar irritada por eu estar escrevendo aqui ao mesmo tempo.

__Mia, eu sei que está todo mundo perguntando como você está. E imagino que não está nada bem. Você ainda o ama, não?!

Meu Deus. Nem mesmo a Tina foi tão direta! Ainda bem que o J.P., que está sentado do meu lado, está entretido numa conversa com o Lars sobre as eleições na Genovia, que estão realmente conturbadas.

__Lana?! __Desconversei.
__Eu entendo você, Mia. Eu mesma sempre falo pra você pra beijar alguns sapos, conhecer novos rapazes. Mas se você ama o Michael, Mia, luta por ele. Se eu pudesse, e o Josh não fosse um completo babaca, eu estaria com ele até hoje. Nunca amei qualquer cara como o amei.

Caramba, eu não agüento mais ficar aqui! Tenho que correr para o banheiro. Antes que eu comece a chorar na frente de todo mundo

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Eternamente princesa

25 de julho, no banheiro da Albert Einstein High School


Ai, Meu Deus!!! Ai, Meu Deus!!! Ai, Meu Deus!!! Ai, Meu Deus!!! Ai, Meu Deus!!!

Eu vi o Michael.

Ai, Meu Deus!!! Ai, Meu Deus!!! Ai, Meu Deus!!! Ai, Meu Deus!!! Ai, Meu Deus!!!

Eu já sabia que ele estava na cidade, ele me mandara um e-mail na semana passada, querendo me ver. Nós continuamos amigos, mas eu não estava preparada para esse encontro, então disfarcei dizendo que tinha que estudar para as milhares de provas desse último semestre.

Portanto eu não estava preparada psicologicamente para vê-lo, embora eu esteja fazendo terapia há 2 anos, e tenha um namorado perfeito. Eu e a Tina, desde que soubemos que ele voltaria, ficamos treinando sobre como eu me comportaria. Afinal, ele é o meu ex-namorado, e não o via há dois anos, desde o trágico dia em que eu joguei o meu colar de floco de neve no chão, terminando nossa história de amor. Até hoje tenho vontade de me matar. Oh, oh, meu terapeuta não pode ler isso.

Eu estava na Albert Einstein andando no corredor quando o vi um pouco distante conversando com o Bóris.

Meu Deus!!! Meu coração gelou, uma descarga de adrenalina percorreu o meu corpo, minha freqüência cardíaca passou de 1.000 bpm, e eu senti que ia desmaiar.

Estou falando sério. Sem exagero. Tanto que quando o vi, senti meu corpo perder o equilíbrio e cair para trás. Até que me apoiei na primeira coisa que havia atrás de mim para eu não cair no chão no meio do corredor. Essa primeira coisa era o J.P., meu namorado, que estava andando comigo.

Eu morri de vergonha e olhei para ele, pedindo desculpas e fingindo que eu tinha tropeçado. Ele só olhou pra mim de volta com um olhar meio sério e triste, parece que já tinha visto o Michael. Não sei se fiquei com mais tristeza ou medo.

Mas o que eu podia fazer?! O Michael estava lindo, com o cabelo um pouco maior do que eu me lembrava, mas não muito grande. Ele não se parecia como um cara que acabou a faculdade e ganhou milhões de dólares no Japão e no mundo com a fabricação de um braço robô cirúrgico, ele parecia só... O Michael de sempre.

Eu tentei disfarçar o meu rosto que estava queimando, mas o Michael me viu e veio andando na minha direção. Agora sim senti que ia desmaiar, e não podia me apoiar no J.P. de novo porque ele poderia desconfiar da minha fraqueza e estava assustadoramente sério.

O Michael se aproximou sorrindo, mas ele parecia nervoso. Pode ser loucura minha, mas eu o namorei por dois anos, e o conheço desde... sempre. E ele parecia nervoso, inseguro, o que é bastante raro vindo do Michael, principalmente agora que ele é conhecido internacionalmente como um dos maiores gênios da atualidade, quase o novo Bill Gates ou Einstein.

Não sei se era por estar me vendo depois de tantos anos, ou por o J.P. estar ali comigo, ainda mais segurando minha cintura, algo que ele fizera assim que vira o Michael se aproximar.

Eu queria gritar para ele que a minha cintura era dele, que ele podia pegar nela quando quisesse e que o J.P. só estava fazendo um empréstimo. Mas não poderia fazer isso. Não poderia dizer que só estava ficando com o J.P. o esperando voltar, usando ele. Seria muito vulgar da minha parte.

Afinal o J.P. já me disse a palavra com A tantas vezes (embora eu ainda não tenha dito para ele, eu já disse que quero que seja espontâneo, e ele aceitou numa boa) e me ajudou quando eu mais precisei, quando o Michael me deu um pé na bunda e passei uma semana na minha cama com meu pijama da Hello Kitty.

Tudo bem que fui eu que dei um pé na bunda dele, por causa daquela droga de dom precioso. Até hoje tenho vontade de me matar. Oh, oh, meu terapeuta não pode ler isso mesmo.

Mesmo assim o J.P. guardou o dom dele para alguém especial e ele disse que esse alguém sou eu. Nós combinamos de trocarmos os nossos dons preciosos no dia da formatura e eu não posso decepcioná-lo.

A Tina já disse que eu só posso fazer isso se eu amá-lo. Mas sei lá. Acho que eu o amo.

A quem estou querendo enganar?!

Voltando ao Michael. Ele já estava bem perto de mim quando disse com o mais lindo sorriso que eu já vi: Mia!

Só isso, ele falou só isso com a voz embargada e me abraçou. Talvez ele quisesse falar mais alguma coisa, mas não conseguiu e só me abraçou e ficamos lá em silêncio.

Eu não respondi nada, não falei nem mesmo Michael. Tinha medo de que começasse a chorar ali no meio do corredor, abraçando o meu ex-namorado, do lado do meu atual namorado.

E o pior. Ou o melhor. Foi que assim que o Michael me abraçou com toda a sua força e masculinidade, o cheiro de sabonete de aveia do pescoço dele me inundou completamente. Agora sim eu desmaiei. Eu me inclinei totalmente para frente sem força para me segurar, mas como o Michael me abraçava, o nosso abraço ficou mais apertado e ele me amparou com seus braços fortes e firmes.

A barba dele tinha acabado de ser feita, aposto que fazia menos de dez minutos, porque o rosto dele estava tão lisinho e perfumado.
Eu juro. Achei que ia beijá-lo ali. Naquela hora. No meu do corredor da Albert Einstein High School eu ia beijar meu ex-namorado na frente do meu atual namorado. As revistas iam adorar. E talvez a Lilly fosse tirar uma foto e colocar no site dela: IHATEMIATHERMOPOLIS.COM.

Eu não sei quanto tempo eu passei o abraçando no meio do corredor, a Tina que havia chegado no início do abraço, e que eu nem havia visto, disse que foram no máximo uns dois minutos. Pareceram horas, silêncio por horas, e eu prendia as minhas lágrimas com todas as minhas forças enquanto o Michael amparava meu corpo contra o peito dele. Tive uma vontade tão grande de vê-lo de roupão.

A Tina vendo o rosto escarlate do J.P. que parecia um dragão bufando (como ela disse depois, pois eu não via mais ninguém, naquele corredor só havia eu e o Michael) foi nos separando e falando bem alto para que acordássemos do nosso torpor:

__Michael, tudo bem?!

E o abraçou e eu fiquei ali parada, embasbacada. Ela tentou abraçá-lo por tanto tempo quanto eu para parecer que assim como ela e ele, eu e o Michael éramos apenas amigos.
Eu fiquei até com ciúmes, mas a Tina é a minha melhor amiga e ela não fez por mal. Eu olhei para o J.P. e ele realmente parecia um dragão bufando.

Eles se separaram e eu não conseguia dizer nada. O Michael ainda sorria. Vendo o absoluto silêncio que reinava, a Tina continuou:

__Michael, que legal ver você depois de dois longos anos. Tanta coisa mudou, né?! (Eu achei que ela pegou um pouco pesado, mas ela me lembrou que eu quis voltar e ele me deu um pé na bunda, me deixando passar uma semana na cama com meu pijama da Hello Kitty). __Mas o que você está fazendo aqui no colégio?!

Ele respondeu, ainda sorrindo:

__Eu vou ser professor de vocês. De S & T (Superdotados e talentosos).
__E a Sra. Hill?! __Exclamei, falando pela primeira vez depois de umas duas horas.
__Ela vai se afastar por uns tempos.
__Mas você quer ser professor?! __Exclamei novamente.
__Não vai ser bem professor, vou só orientar vocês. Mas eu sempre gostei de ensinar.

Senti meu rosto queimar ao lembrar da ajuda que ele me dava em Álgebra e Geometria, se não fosse pelo Sr. G. não teria sobrevivido esses dois anos na matemática. É o Michael não se importou que eu pudesse ter reprovado. Passei dois anos sofrendo sozinha nos cálculos.

__E o seu trabalho na empresa de robôs, Mike?! __Perguntou o Bóris, parecendo estar bem íntimo do Michael.
__Ah, eu estou desenvolvendo um novo projeto, mas decidi descansar um pouco. Estava com saudade de casa.
__Você vai voltar para o Japão?! __Perguntei, não sabendo que resposta eu esperava.
__Não. Eu e outros colegas vamos abrir uma filial aqui em Manhatan. Agora só saiu de casa a passeio.
__Seja bem-vindo de volta. __Respondeu o J.P. segurando novamente minha cintura e me conduzindo de volta para a sala, pois o sino acabara de tocar.

domingo, 28 de setembro de 2008

nxZero


NxZero

Quem não conhece a banda mais perfeita do momento?! Sei que algumas pessoas podem ter certo preconceito com eles, por serem uma “Boyband” ou qualquer outra coisa.

Confesso que eu os amo, adoro mesmo, comprei CD, pôsters, participo de comunidade no orkut, e leio tudo sobre eles.

Você pode até me perguntar incrédulo(a): “Está virando emo, Jérula?!”

Sinceramente, não sei o que responder. Se virar emo significa adorar o nxzero, todas as suas músicas e todos os seus integrantes (embora eu ache que não, pois eles mesmos dizem que não o são), eu já sou uma emo completa (apesar de eu não saber muito bem o que ser emo significa).

Você ainda pode dizer, decepcionado(a): “Logo você Jérula, que admira bandas como Scorpions e Guns N’ Roses, além de cantores como Chico Buarque e Raul Seixas, foi ser manipulada pela mídia?”

Eu apenas direi que você que foi manipulado(a) pela mídia criando um preconceito contra uma banda que nem conhece, ou apenas você tem um gosto de música diferente do meu, e respeito isso, assim como você deve respeitar o meu.

A banda NxZero composta pelo Di (vocalista, dono de uma voz única e apaixonante e compositor de letras lindas , além de incrivelmente lindo), Gee (guitarrista, pianista e segunda voz, lindo e compositor de melodias inebriantes, misturando rock e romance), Fi (guitarrista), Caco (baixista), e Dani (bateirista, dono de lindos olhos e tatoos) tem umas das mais lindas música que eu já ouvi.

Você não acredita?! Então aqui vai a letra de uma das mais lindas músicas do último CD (Agora), para vocês apreciarem o talento com as palavras do Di, apesar de que é muito melhor ouvir, se enfeitiçando com a voz, a letra, a melodia, as batidas e tudo o mais. Bom deleite.

Melhor parte de mim
Composição (Di, Gee)

A melhor parte de mim
Leva o meu caminho até você
Isso é o que me deixa mais forte
Me faz tão bem, me faz tão bem

Que perco o medo
E me sinto melhor
Já posso enfrentar
Todos os meus problemas

Pois agora sei
Que quando acabar você vai estar aqui
Eu posso ver, posso sentir
Quando tudo acabar será você e eu
Mais uma vez, posso sentir
A melhor parte de mim

E no momento certo
Meu lado bom vai aparecer
Me mostra a coisa certa a fazer
Me faz tão bem, me faz tão bem

Que perco o medo
E me sinto melhor
Já posso enfrentar
Todos os meus problemas

Pois agora sei
Que quando acabar você vai estar aqui
Eu posso ver, posso sentir
Quando tudo acabar será você e eu
Mais uma vez, posso sentir
A melhor parte de mim
A melhor parte de mim

A sua presença já me faz tão bem
Eu não vejo a hora de te ver sorrir
Quando tudo acabar você vai estar aqui
Quando tudo acabar você vai estar aqui

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Assuntos do coração


“Eu não nasci para pequenos amores.”
Kate Dantés

Eu não tenho tanta propriedade para falar sobre assuntos do coração, visto que a minha vida amorosa não seria digna de um estudo aprofundado, entretanto tenho um conhecimento teórico bastante amplo sobre tal tema, baseado nos melhores livros de romance, indo desde Meg Cabot e Marian Keyes a Jane Austen e Alexandre Dumas, filmes e uma minuciosa observação das pessoas ao meu redor.

Portanto, me atrevo a discutir sobre uma instituição falida. Não, não falarei do casamento, e sim de algo em maior decadência, o namoro.
Sim, o namoro. Caso você me pergunte, nem mesmo a política brasileira é tão sem futuro quanto o namoro.

Dentre a minha população estudada, grandes exemplos são minhas irmãs (elas me matarão se descobrirem que falei sobre elas). A R* (não pedi autorização para pôr o nome delas, sou a caçula, elas podem acabar me punindo) já teve uns oito namorados, a K* já deve ter passado dos oito mil (Hipérbole!!!), e estão solteiras. Usei-as apenas como exemplos, mas muitas pessoas ao meu redor estão ou estiveram na mesma situação.

Então, eu pergunto aos meus botões, de que serviram todas as promessas e juras de amor eterno?! Seriam elas falsas, ou é realmente possível amar mais de uma vez?! Acredito na primeira hipótese. Muitas pessoas namoram e convencem a si mesmas que amam as outras, mais por gostarem da sensação de “amar”, do que por estarem nutrindo um grande amor, como diria o grande Nietzsche.

Então você me diz: era amor sim. Então desapareceu?! Todas as músicas que pareciam dizer o que estavam sentindo?! Todas as confissões e “Eu te amo” tímidos, ou exagerados?! Tudo desapareceu como mágica??! Não, não era amor.

Ainda há hipótese de terem sido pequenos amores. Eu não nasci para pequenos amores.

Há explicações sociais, psicológicas, biológicas, antropológicas e românticas para o namoro. A vontade de encontrar alguém especial, sensação de completude e cumplicidade, os ferormônios, e outros hormônios em turbulência.

No entanto, qual o objetivo de namoros sem futuro?! Sem planos, apenas o momento?! Sei que a vida é feita de momentos, mas não momentos tão finitos. Um sorvete dura cinco minutos, um filme, duas horas, um livro, alguns dias, o amor não deveria ser a vida toda?!

Você ainda pode argumentar com a velha fábula do sapo que vira príncipe. É preciso beijar muitos sapos para encontrar o príncipe. Entretanto, se você já sabe de antemão que aquela pessoa nunca virará príncipe, qual a explicação para namorá-la?! Por que você precisa de alguém que lhe complete?! Sim, seria uma justificativa, mas se ela a completa, é amor de verdade, então deveria durar. Não adianta ignorar as peças que não se encaixam.

Por que a sociedade exige?! Por que os outros pensam que você não namora porque é um coitado ou tem algum problema psicológico?! Para os garotos ainda há a desculpa de não quererem compromisso. Para as meninas... Nem imagino o que os outros pensam.

E as pessoas que são felizes solteiras?! Eu sou desse time. Você ainda pode dizer que é acomodação, ou medo de se envolver. Talvez. Contudo, talvez sejam apenas pessoas que não nasceram para pequenos amores.

P.S.: Kate Dantés sou eu mesma, Kate vem do meu 2º nome, Katherine, e Dantés, vem do meu mentor, Edmond Dantés.

domingo, 14 de setembro de 2008

Creep - versão nacional

Uma pessoa aparece em sua vida, talvez ela até já fizesse parte antes, todavia apenas agora lhe incita curiosidade. De alguma forma desconhecida ela lhe chama a atenção, pelo jeito de falar, ou de se vestir, pelo modo de pensar. Alguma coisa, qualquer detalhe, pequenas minúcias lhe atraem e lhe fazem tão bem.

“Tem coisas em você que me fazem bem, não sei por que.” – Entre nós dois – NX Zero

São pequenas coisas que se acumulam e nos encantam, criando um sentimento de afeição, desde uma simples atração até, quiçá, o amor.

“Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo e me absorvendo, e de repente, me vi assim, completamente seu. Vi a minha força amarrada no seu passo. Vi que sem você não há caminho, não me acho. Vi crescer dentro de mim um grande amor, que eu sonhei um dia” – Sonhos – Caetano Veloso.

E então, já era. Você está apaixonado. Sinto informar. As pessoas encaram esse sentimento de forma bastante distinta. Alguns são corajosos, e preferem ter a certeza de que tentaram, do que a incerteza mortificante do arrependimento.

“É que eu preciso dizer que te amo. Te ganhar ou perder sem engano” – Eu preciso dizer que te amo – Cazuza

Outros, no entanto, talvez por timidez, ou por baixa auto-estima, que por gostarem tanto da outra pessoa não se consideram merecedores de serem correspondidos, preferem guardar o silêncio.

“Eu gosto tanto de você, que até prefiro esconder, deixa assim ficar subentendido. Como uma idéia que existe na cabeça e não tem a menor pretensão de acontecer.” – Apenas mais uma de amor – Lulu Santos

Algumas pessoas poderiam considerar covardia, mas a declaração de um sentimento de tal grandeza pode ter muitas conseqüências desastrosas para uma amizade, para um ambiente comum, para convivência. Podendo até prejudicar um sentimento que poderia nascer com mais naturalidade. Então assim como manter tal segredo pode ser uma covardia, também pode ser um ato de coragem. E revelá-lo, irresponsabilidade.

“Pode até parecer fraqueza. Pois que seja fraqueza então. A alegria que me dá, isso vai sem eu dizer.” – Apenas mais uma de amor – Lulu Santos

Ser creep vale para as duas situações, sendo característico de mesmo você sabendo (ou não tendo a certeza, outra vantagem do creep que guarda segredo: A DÚVIDA) que não é correspondido ainda idolatra a pessoa amada (Pedestal).

Mas sempre, o aliado do creep é a esperança, seu maior amigo, e pior inimigo, pois não o deixa walk on (seguir adiante).

“Eu não vejo a hora de te ver sorrir. A tua presença já me faz tão bem. Quando tudo acabar você vai estar aqui. Quando tudo acabar será você e eu.” – A melhor parte de mim – NX Zero

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Jeito especial de ser creep




Duas vezes na minha vida, que eu me lembre, ver algo me fez ter certeza de quem eu era.

A primeira foi no início do ano, quando vi um parto natural pela primeira vez. Nunca vi algo tão lindo. Juro.

Não o fato de ver a mãe, coitada, de pernas abertas em cima de uma maca gritando de dor. (Mesmo assim quero ter parto normal, por isso quero ser muito apaixonada pelo pai da criança para poder vê-lo ao meu lado no momento decisivo, sentir suas mãos apertando as minhas e ouvir suas palavras de incentivo embargadas por sua força de não querer chorar na minha frente).

Mas o que mais me emocionou foi ouvir o choro da criança, ainda tão frágil, juntando todas as suas escassas forças e tentando sobreviver, ao mesmo tempo em que grita para sua amada mãe, exaurida na maca, que está vivo e tudo está e vai ficar bem.

Foi nesse dia que decidi ser pediatra. E mais tardiamente, decidi por oncologia pediátrica. Mas como tudo na vida é inconstante, pode ser que eu ainda mude de idéia.

A segunda vez foi quando eu li os 24 capítulos da Teoria Pedestáltica (Para maiores informações www.pedestal.cjb.net). É uma teoria muito bem elaborada e fascinante. Resumidamente, fala sobre as pessoas (creep) que colocam as pessoas de quem gostam num pedestal (pedestal). É o famoso amor platônico.

O creep gosta do pedestal, e gosta tanto, que não se sente digno de ser correspondido, o idealiza e fantasia situações. E quanto mais gosta da pessoa, mais distante ela fica. Pode ser até que se declare (o que nunca é o meu caso), mas não é correspondido, mesmo assim adora o chão que o pedestal pisa. Guarda palavras ou frases que muitas vezes não tiveram importância ao pedestal, mas interpreta como algum sinal e as guarda no coração.

O melhor de toda a teoria é que o autor, Renato Thibes, exemplifica com trechos de músicas clássicas, escritas por verdadeiros creeps. Os clássicos são “Ana Júlia” dos Los Hermanos, Guns N’ Roses (quem diria que o Axl já foi creep?), U2, Coldplay, Radiohead. Afinal quem nunca foi creep? Pelo menos pelo Brad Pitt ou o garoto mais bonito da escola?!

Para mim, quase todos os compositores (que para mim são os melhores cantores) e escritores têm um pouco de creep. Principalmente os escritores, pois eles podem concretizar no papel, ou na mente deles (100% meu caso), o que não aconteceu na realidade.

Há alguns trechos de músicas em especial que quase me fizeram chorar. Juro.

"When you were here before, I couldn't look you in the eye (...) I wish I was special, you're so fucking special, but I'm a creep, I'm a weirdo, what the hell am I doing here? I don't belong here (...) I want a perfect body, I want a perfect soul, I want you to notice when I'm not around (...)"
Quando você esteve por aqui, eu não conseguia olhar nos seus olhos (...) Eu queria ser especial, você é tão especial, mas eu sou um creep (sem tradução), sou um estranho, o que diabos estou fazendo aqui? Eu não pertenço a este lugar (...) Eu quero um corpo perfeito, eu quero uma alma perfeita, eu quero que você perceba quando eu não estiver por perto (...). - "Creep" - Radiohead

"So I look in your direction, but you pay me no attention, and you know how much I need you, but you never even seen me."
Então eu olho na sua direção, mas você não me dá atenção, e você sabe o quanto eu preciso de você, mas você nunca sequer me viu. - "Shiver" - Coldplay

"All the love gone bad, turned my world to black, tattooed all I see, all that I am, all I'll be. I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star in somebody else's sky, but why can't it be mine?"
Todo o amor ficou mal, tornou meu mundo negro, manchou tudo que eu vejo, tudo que eu sou, tudo que serei. Eu sei que um dia você terá uma bela vida, eu sei que você será uma estrela no céu de outra pessoa, mas por que não pode ser no meu? - "Black" - Pearl Jam

"Close your eyes and think of someone you physically admire, and let me kiss you (...) But then you open your eyes and you see someone that you physically despise."
Feche os seus olhos e pense em alguém que você admira fisicamente, e me deixe te beijar. (...) Mas então você abre seus olhos e vê alguém que você repudia fisicamente.
- "Let Me Kiss You" – Morrissey

"If you don't love me, lie to me. Cause baby you're the one thing I believe."
Se você não me ama, minta para mim. Pois você é a única coisa em que acredito. - "Lie to Me" - Bon Jovi

"I was alright for a while, I could smile for a while, but I saw you last night, you held my hand so tight as you stopped to say 'hello'. You wished me well, you couldn’t tell that I'd been crying over you (...) I thought that I was over you but it's true, so true - I love you even more than I did before, but darling what can I do? For you don’t love me and I'll always be crying over you."
Eu estava bem por um momento, eu podia sorrir por um momento, mas eu te vi na noite passada, você segurou minha mão tão apertado quando parou pra dizer oi. Você me desejou bem, nem imaginava que eu estive chorando por você. (...) Eu pensei que eu havia te superado, mas é verdade, tão verdade - eu te amo ainda mais do que amava antes, mas querida, o que posso fazer? Você não me ama e eu estarei sempre chorando por você. - "Crying" - Roy Orbinson

Eu sei. São músicas bem EMO, não?! Algumas pegam pesado mesmo. Eu nunca gostei de ninguém o suficiente para chorar, entende?! Mas minha trajetória de ser creep é longa. Muito longa. Acho que começou quando eu tinha 3 anos (!!!) e gostei de um menino da igreja. Ele devia ser da minha idade. Não me pergunte como eu sei, apenas que a imagem dele é a mais antiga que eu tenho (eu acho).

A partir de então eu sofro da famosa síndrome “apaixonada pelo garoto mais bonito da escola”. Embora nem sempre os meus critérios de beleza fossem idênticos ao dos demais. Mesmo assim, a única vez que eu namorei foi quando eu era creep de um creep meu.

Mas, para falar a verdade, eu não acho chato ser creep. É meio triste não ser correspondida e tal. Contudo, a minha parte preferida é ficar imaginando situações. Estimula ao máximo minha veia literária.

No dia (bem futuro) em que eu ganhar meu prêmio Nobel de Literatura vou dedicar a todos os creeps. Afinal, se eu não fosse creep nunca escreveria romances.

sábado, 6 de setembro de 2008

Zeca Baleiro??? É claro que eu fui!!!

“De você sei quase nada.
Aonde vai ou por que veio.
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada no meu caminho?
Será um atalho? Ou um desvio?”

Pelo menos sei que a estrada do Zeca se confundiu com o meu caminho ontem, e foi algo inesquecível. Absurdamente divino.

A estrutura do show era em mesas, cadeiras e arquibancadas. Eu estava nas cadeiras com as minhas irmãs, minha mãe e a Lara, quando o Zeca disse:
__Vocês estão tão longe.

Não precisou dizer mais nada. Fomos para bem perto dele, numa distância de menos de 1 metro. Eu podia ver até seus poros. Nunca havia ficado tão perto do palco. Ainda mais tão perto do Zeca Baleiro.

O carinha do meu lado que pegou a palheta que ele jogou pertinho de mim. Eu estava de vestido e salto alto. A disputa foi um pouco desleal.

Mesmo assim, o show não lotou. O que foi melhor, pois podíamos dançar e cantar tão perto dele, sem empurrões. Só paz e amor. Muita paz e muito amor.

Muitas pessoas que não conhecem a verdadeira MPB não o conhecem ou não o admiram, mas o Zeca é um verdadeiro poeta que fala cantando e encantando. Ele canta músicas como “A lenha”, “Proibida pra mim”, “Quase nada”, “Telegrama” e diversas outras.

Foi um show maravilhoso para os que gostam de música brasileira e de dançar e cantar até não conseguir mais. Então, o que me resta é esperar que o Zeca Baleiro venha pela terceira vez em Boa Vista.

Então encerro o meu post, falando para ele que sentirei saudades:

“A saudade é um filme sem cor
Que meu coração quer ver colorido.
A saudade é feito parafuso
Quanto mais aperta
Tanto mais difícil arrancar.”


Valeu, Zeca!!!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Michael Moscovitz


“A gente precisa conversar”, foi o que o Michael me disse. Não disse Oi. Nem Por que você não me ligou? Nem Por onde você tem andado? E com toda a certeza não me deu um beijo.

Só A gente precisa conversar.

E aquelas quatro palavras foram o bastante para fazer o meu coração parecer tão encolhido e duro quanto o de Santa Amelie.

“Certo”, respondi, apesar da minha boca ter ficado completamente seca.

“Eu só quero saber uma coisa”, prosseguiu ele, com uma voz meio cansada, “a gente vai Fazer Aquilo ALGUM DIA?”

Eu praticamente engasguei com o pedacinho de pizza que tinha mordido, e precisei engolir uns três litros de Coca antes de ser capaz de dizer: “CLARO QUE SIM.”

Mas Michael pareceu desconfiado.

“Antes do final desta década?”

“Com toda a certeza”, disse eu, com mais convicção do que eu de fato sentia. Mas sabe como é. O que mais eu poderia ter dito?

“Quando eu entrei nesta, eu sabia que não ia ser fácil, Mia”, disse Michael. “Quer dizer, além da diferença de idade e de você ser a melhor amiga da minha irmã, tem ainda o lance de você ser princesa... essa coisa de você viver rodeada de paparazzi e de não poder sair sem o guarda-costas e tudo o mais. Um homem mais fraco poderia achar tudo isso demais da conta. Eu, por outro lado, sempre achei um desafio. Além do que, eu te amo, então, vale a pena.”

“Não que eu esteja tentando apressar você a fazer uma coisa para a qual ainda não está pronta. É só que eu sei que demora um pouco para você se acostumar com as coisas. Então, quero que você comece a se acostumar com o seguinte: você é a garota que eu quero. Um dia, você VAI ser minha.”

Preciso dizer mais alguma coisa. É por isso que eu amo o Michael.

P.S.: Essa última frase fui eu (Jérula) que escrevi, não a Mia.
P.P.S: Esse trecho foi retirado e adaptado do livro “A princesa em treinamento”, 6º livro da coleção “O diário da princesa”, de Meg Cabot.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Chuva


Ela estava sentada no meio da rodinha deles. Não tinha qualquer semelhança com qualquer pessoa daquele grupo de estudantes, mas ele estava lá, então ela também estava. Não sabia desde quando nem por que começara a gostar dele, mas só sabia que o amava e o fato de um dos amigos dele tê-la chamado para sentar-se junto a eles não a desagradava.

Sabia que os demais estranhavam sua presença ali, mas o garoto que a chamara precisava de sua ajuda nas questões do trabalho de recuperação de matemática. Portanto todos a ignoravam. Até mesmo ele, podia comprovar enquanto o observava, com seus cabelos caindo-lhe sobre os olhos brincalhões e o lindo sorriso enaltecendo toda a beleza daquele divino rosto.

Num determinado momento, o viu direcionar um olhar para ela e sorrir. Ela desviou o olhar rapidamente para a folha de exercício e tentava imaginar o motivo do sorriso.

Tentando se concentrar nos exercícios do colega, o que parecia difícil ao sentir a presença dele tão próxima e ouvir sua voz tão grave e doce, mal ouvia as conversas deles, apenas sabia que falavam de festas, seu principal passatempo.

__Você não sai? __ Ela olhou e viu que a pergunta se dirigia para si. Todos a olhavam esperando uma resposta e surpreendidos por a garota mais linda da sala ter dirigido a palavra àquela CDF esquisita. A garota linda e popular a observava com um falso interesse e uma expressão indiferente. Vendo que não havia como não responder, balbuciou o mais baixo que pôde.

__Às vezes.

__Não ouvi.

__Às vezes. Não gosto de balada, prefiro ler, assistir a algum filme, conversar com os amigos. Só saio para lugares calmos, em que se possa conversar. __Disse com uma maior segurança, tentando enfrentar aquela garota tão arrogante, e tentando não gaguejar, pois percebia o olhar dele colado em si.

__Você precisa ser mesmo tão CDF, garota?! __Perguntou Linda, com ar de deboche.

__Eu não sou CDF. Eu gosto de estudar, acho curioso e divertido. Mas não é por isso que eu não saio muito. Só não vejo sentido em se divertir com um monte de gente que você nunca viu.

__Ah, garota. Você acha mesmo que desse jeito vai conseguir algum dia conquistar o Aquiles?!

Ela sentiu seu rosto pegar fogo. Todos os olhares eram de surpresa, mas o seu era de pânico. Voltou o rosto para a folha de exercício, mas não enxergava nada. Na sua fronte apenas passava a imagem do rosto de Aquiles, para o qual olhara inconscientemente e vira sua expressão de espanto.

__Fala sério! __Disse finalmente, após segundos que pareceram Eras, tentando dar um ar de divertimento a sua exclamação, que mais parecia um anúncio de morte.

__Para de ser ridícula, garota! Todo mundo sabe que você gosta dele. E não me parece que você tentou disfarçar, fica olhando para ele a aula toda, secando, babando quando ele passa. Poupe-me. Não seja ridícula.

Ela tentava segurar com toda sua força que se extinguia as lágrimas que teimavam em brotar. Mesmo que não tivesse forças para falar o que quer fosse em sua defesa, pelo menos não choraria na frente de Linda e de todos os seus colegas. E principalmente, de Aquiles, aquele deus grego.

Olhou para eles, Linda estava impassível, como se lhe perguntasse as horas, alguns colegas, como o que lhe chamara, pareciam assustados, outros se seguravam para não rir, já outros, menos controlados, gargalhavam.

Não olhou para Aquiles, não queria ver se ele também sorria.

__Pega leve, Linda. __Disse alguém em sua defesa. Ela olhou, não para ver quem era, pois já conhecia aquela voz que invadia seus sonhos, mas para admirar o seu protetor.

__Não vem não, Aquiles. Não seja hipócrita. Você mesmo ficava comentando com a gente o quanto ela ficava te olhando, e como ela era ridícula. Você mesmo debochava com a gente, quando ela passava, e tirava sarro. Por que você não fala agora o que já falou pra gente?! Por favor, Aquiles, não seja hipócrita!

__Linda. Pega leve.

Ele parecia sério e irritado. Ela percebeu apenas por seu tom de voz, pois imaginar que ele zombara dela a incapacitava de poder olhá-lo.

__Eu falo isso para o seu bem, garota. É ridículo você ficar olhando para ele, sem se declarar nem nada. Embora o ridículo mesmo tenha sido gostar dele. Como você pôde se achar tanto para poder gostar do garoto mais bonito do colégio. Não seja estúpida.

__Você... __Disse ela transferindo as forças que guardavam as lágrimas, as quais começaram a brotar, para sua boca que conseguia falar com a voz embargada. __Você precisa mesmo ser tão... má. __E o silêncio de todos lhe deu forças para correr dali e sair do colégio.

Eram seis e meia da noite, tudo escurecia, e deveria pegar o próximo ônibus. Esperaria na entrada da escola, mas não poderia ficar no mesmo espaço que eles. Dirigiu-se à saída e viu que chovia forte. Molharia o caderno e os livros. Mas não se importava, nem sabia se os usaria novamente, se voltaria para a escola. Então correu com todo o seu vigor, e se ele fosse o suficiente, daria para chegar em casa.

__Precisava disso mesmo, Linda?! Precisava?! __Exclamou ele com raiva pela culpa que sentia por ter zombado dela e por ser amigo e ter namorado Linda.

__Você não vai atrás dela, vai?! Fala sério, Aquiles! Não seja ridículo!

Sem ouvir ninguém, correu até a saída do colégio e a viu correndo desajeitadamente e chorando sob a torrencial chuva. Então, numa tentativa desesperada, gritou:

__Ella! Ella!

Ela não se virou, nem pareceu ouvi-lo. Uma força insana o fez jogar o material da escola e correr debaixo da chuva à sua procura.

Ela o viu chamá-la e correr na chuva atrás dela. Não conseguia imaginar o que ele poderia querer. Zombar dela?! Já não havia sido o suficiente?! Correu com ainda mais força, mas Aquiles fazia diversos esportes na escola e logo a alcançou, embora estivesse sem fôlego.

__Ella, espera! __ Gritou segurando seu braço e virando-a para si.

__O que você quer?! Você quer ver como eu fiquei?! Quer contar para eles que me encontrou chorando, correndo na chuva?! Pode contar para eles o que você quiser, que eu não vou desmentir, conte que eu me declarei para você e me ajoelhei aos seus pés. Ou o que você conseguir inventar que seja mais engraçado. Não sou boa nisso, não tenho o costume de zombar das pessoas.

__Ella, eu não vou fazer nada disso. Eu seria incapaz disso.

__Então para que você veio?! Para rir de mim?! Para quê?!

__Eu não sei.

__Ótimo. Então pode voltar. Você está se resfriando à toa.

__Desculpa, Ella.

__É tudo verdade, então?!

__É. E quanto a você? É verdade?!

__Que eu gosto de você?! Já não é tão óbvio?!

__Perdão, Ella. Mas por que você nunca me disse?! Era melhor do que ficar apenas me olhando de longe, e ficar ruborizada quando eu falo com você.

__Então eu sou mesmo ridícula?!

__Não. É só que a gente zombava do seu jeito tímido e sonhador. Quando você olhava para mim, parecia que estava sonhando acordada. Era engraçado, afinal nós éramos adolescentes idiotas.

__Eu era mesmo iludida. Mas não se preocupe. Agora eu o conheço. Toda a fantasia se desfez.

__Você devia ter me falado.

__Sim, assim seria bem mais divertido.

__Não. Desculpa, Ella. Eu não tinha o direito.

__Está desculpado, Aquiles. Você é mortal, bem mais do que eu imaginei. Está sujeito a falhas, e eu o superestimei. Você quis a glória eterna, e terá.

__Ella, não fica assim.

__O que você ainda quer de mim?! Eu o desculpei. Estamos gritando no meio de uma chuva torrencial, os meus livros estão virando uma pasta. Por que você não vai embora?!

__Eu não sei.

__Ótimo. Eu vou embora.

__Espera, Ella. __Pediu ele segurando seus dois braços. __Acho que eu não queria que você se decepcionasse comigo. Era divertido você olhar para mim e pensar que eu era perfeito e agora descobrir que eu não sou é tão deprimente.

__Sim, seu ego deve estar bem machucado.
.
__Mas não é apenas isso. Eu descobri que eu só poderia saber que você olhava para mim, se eu olhasse para você. Eu só poderia perceber que você me observava, se eu observasse você. Só poderia ver que você se enrubescia sempre que eu falava, se eu olhasse para você a cada fala. Só poderia ver que você me admirava se admirasse você. E só poderia saber que você me amava se eu amasse você o suficiente para conhecer todos os seus sorrisos, seus olhares, seus gestos, suas palavras, suas expressões, sua voz. E eu acho que eu amo você.

__Isso é uma piada?!

__Não! Mil vezes não! Estou sendo sincero como acho que nunca fui. Por favor, não duvide de mim.

__Como posso não duvidar?! Como posso não pensar que isso é uma armadilha para eu me iludir de novo e vocês rirem de mim?! Eu não posso fantasiar de novo, não conseguirei sobreviver a outra humilhação como essa.

__Eu sei que não mereço sua confiança, mas quem sabe sua pena. Eu corri atrás de você. Estou nessa chuva. Posso até morrer de pneumonia. Não faria isso tudo apenas para que aqueles meus colegas idiotas sorrissem. Não sabia o porquê, apenas uma força inconsciente me conduzia. Mas agora eu descobri. Eu te amo, Ella.

__Não posso nem consigo acreditar. É algo tão bom e tão impossível que qualquer pessoa racional não acreditaria.

__Ella, eu posso provar da forma que for. EU TE AMO, ELLA! __Bradou Aquiles.

__Ninguém deve ter ouvido e muito menos acreditado.

__EU TE AMO, ELLA!!! EU TE AMO!!! EU TE AMO!!! EU TE AMO!!! EU TE AMO!!! EU TE AMO!!!

__Calma, você está ficando rouco.

__Eu sei. Mas não me importa. Se você não me quiser, nada me importa mais.

__Não exagere, Aquiles.

__É verdade, Ella. Eu nunca menti para você.

__Aquiles, se for mentira eu mato você. Mato mesmo da pior forma que eu conseguir imaginar, afogado numa piscina de água fervente, ou algo mais estilo jogo mortais.

__Mas... E se for verdade... __Perguntou Aquiles com malícia e sorrindo do instinto assassino de Ella, que o surpreendia e o apaixonava cada vez mais.

__Ah, se for verdade. Já é outra conversa. __E sem hesitação, aceitou o abraço e o beijo doce e apaixonado de Aquiles.

A chuva caía mais brandamente, e a noite escurecia ao redor daquele casal. As estrelas começavam a surgir, assim como a Lua, todas curiosas para saber que evento tão fantástico havia acontecido na Terra, que era sempre tão desinteressante.


PS: sei que o post foi absurdamente enorme, mas bateu um instinto literário em mim, e eu precisava escrever.
PSS: Esse é um texto de ficção qualquer semelhança com a realidade passada, presente ou futura (quem sabe?) é mera coincidência.
PSSS: Esse texto é de minha exclusiva autoria (Jérula Lima), sendo proibido plágios e uso do texto sem minha autorização.
PSSSS: Estou me achando, não?!

domingo, 24 de agosto de 2008

A MELHOR SELEÇÃO DO MUNDO


Você pode me dizer que eles perderam a Liga Mundial de Vôlei, ou que eles perderam as Olimpíadas de Pequim, perdendo para os EUA de 3 X 1, após ter ganhado o 1º set e perdido os demais por ter errado inúmeros saques e passes. Você ainda pode me lembrar que eles perderam um jogo para a Rússia, que ficou com o bronze, na etapa classificatória. Entretanto, não importa o que você diga, talvez por eu amá-los cegamente, ou por ter a capacidade de ver além de alguns resultados de jogos e pontos perdidos, mas a Seleção Brasileira Masculina de Vôlei é A MELHOR SELEÇÃO DO MUNDO.

Tanto pela garra, quanto pela força de vontade, e ainda por vencer obstáculos de patrocínio, do torcedor brasileiro, que muitas vezes é só o time perder um jogo, que colocam toda a culpa nele. Não se pode comparar o esporte nos EUA e no Brasil, quanto a todos os aspectos, geralmente negativos, mas principalmente, pelo talento do jogador brasileiro.

Como você pode vir falar pra mim que essa seleção não é composta de vencedores, ou dos melhores jogadores do mundo?!

1. Bruno: Ele é filho do Bernardinho, técnico da seleção. Todavia, ao contrário do que se pode pensar, joga excelentemente bem. Digno da sua seleção. É óbvio que ainda não está tão no nível dos demais, entretanto, para sua 1ª Olimpíada jogou muito bem. Tanto que o Brasil estava errando muitos saques, e ele sacava perfeitamente. Um jogador digno de ser notado e elogiado.

2. Marcelinho: O levantador da seleção, que com seus 1, 83 m parece até baixinho junto dos demais. Contudo, isso não é qualquer problema, pois levanta divinamente e soube substituir Ricardinho com maestria. Um jogador que tem nos surpreendido e que devemos admirar seu talento frente às críticas.

4. André Heller: Reserva nas Olimpíadas de Atenas, tornou-se titular por sua garra e ferocidade. Ele corta, bloqueia e saca com uma raiva que nos contagia. E suas comemorações sempre enfurecidas nos fazem admirar esse monstro (no sentido legal da palavra) do vôlei.

6. Samuel: Um jogador novo que sempre entrou em todos os jogos para ajudar o Brasil e atingiu sempre seu objetivo. Será notado futuramente e traz grandes promessas para o vôlei brasileiro.

7. Giba: O QUE EU PRECISO DIZER?! Eu nem sei desde quando eu sou apaixonada por esse capricorniano maravilhoso que faz aniversário um dia após o meu. ELE É O MELHOR JOGADOR DO MUNDO. Você pode dizer que é apenas porque eu o amo e tal, mas eu não adoro as pessoas apenas por sua beleza, embora a do Giba já fosse suficiente para me encantar, mas principalmente por seu incrível talento e determinação. Cortes, saques, bloqueios, recepções, passes, levantamentos dignos do melhor jogador do mundo e capitão da seleção brasileira. Além de sempre tentar enlouquecidamente as bolas aparentemente perdidas. E não sou apenas eu que digo o mesmo, quando ele ganhou o ouro em Atenas foi escolhido o melhor jogador, e para mim continua da mesma forma. Ele é perfeito. Gilberto Godoy Filho é um nome que nunca será esquecido e que sempre fará parte da história do esporte brasileiro e mundial.

8. Murilo: Um jogador único. Ainda reserva na seleção. Mas eu entendo o Bernardinho, tantos jogadores maravilhosos, é muito difícil escolher entre os titulares e reservas. Entretanto, o Murilo é um jogador maravilhoso. Faz tudo de bom, saca, corta, bloqueia, recebe. Ele é dono da bola. Surpreendeu-nos e nos encantou por toda a Olimpíada. Não posso dizer que ele é uma grande promessa, porque já está cumprindo-as antecipadamente. Tanto que sempre ao entrar nos jogos, se não salvou o jogo, nos fez acreditar no talento brasileiro.

9. André Nascimento: Esse jogador que tem cara de menino apesar de ter uma grande experiência. Ganhador do ouro em Atenas, esse canhoto, que enlouquece os jogadores adversários e a torcida brasileira, é um jogador maravilhoso. Um dos melhores do mundo, com seus passes, ataques e defesas perfeitos, afinal, não é à toa que é titular da seleção brasileira.

10. Serginho: O maior líbero do mundo é esse paranaense que consegue pegar bolas impossíveis, além de fazer passes e levantamentos essenciais para os outros jogadores. Sempre coberto de elogios, Serginho é uma grande revelação do esporte brasileiro.

12. Anderson: Um dos grandes jogadores brasileiros, mas não foi tão explorado nessas Olimpíadas, principalmente por ter se machucado, tanto que não estou certa se esse é o nº da camisa dele. Perdoem-me, pois aprendi esses números nessas Olimpíadas.

13. Gustavo: Irmão do Murilo. Ou deveria se dizer que o Murilo é irmão dele, pois enquanto este é um jogador novo e surpreendente, Gustavo, de 32 anos, foi o maior bloqueador das Olimpíadas, com um saque imbatível, e uma habilidade inquestionável. Com mais de 2 m de altura, é uma verdadeira máquina de vôlei.

14. Rodrigão: Ele era titular, mas passou a reserva, e não foi tão aproveitado nessas Olimpíadas. Entretanto, é dono de um bloqueio amedrontador e de técnicas incríveis. Talvez eu deva admitir esse erro, esse excelente jogador não teve a oportunidade de mostrar toda a sua capacidade nos jogos de Pequim.

18. Dante: Esse jogador, ao contrário do André Nascimento, aparenta ser mais velho, embora conte poucos 27 anos, mas por sua experiência de Olimpíadas passadas, e sua habilidade intrínseca, é um dos melhores jogadores de todos os tempos do mundo. Um grande pontuador, Dante, com mais de 2 m é um jogador apaixonante, embora, quanto aos assuntos de vôlei, meu coração pertença ao Giba.

Além é claro do próprio Bernardinho, um técnico que joga e vive com os jogadores, e caracterizado por sua capacidade e emoção contagiante durante o jogo.


E é por essas e outras coisas, que embora todos estejam noticiando nesta manhã que a Seleção Brasileira Masculina de Vôlei é prata, não acreditem, pois ela é OURO. A MELHOR SELEÇÃO DO MUNDO.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Meg Cabot


Para quem não conhece, Meg Cabot é uma escritora americana de grandes best sellers como a coleção “O diário da princesa”.

Eu sou apaixonada por livros, e sempre amei ler, tanto que forcei a minha mãe a me ensinar quando eu tinha três anos. Com quatro anos me alfabetizei, e com cinco anos entrei na 1ª série, na Escola Boas Novas, e por ser tão pequenininha e novinha, quando as pessoas iam visitar a escola, a diretora me chamava, para mostrar como eu sabia ler bem.

Eu sei, eles me tratavam como atração turística. Mas, era legal. Fala sério, eu tinha cinco anos. Não me sentia usada.

Desde então eu passei a ler todos os textos dos livros de português (da escola), era um vício absoluto, junto com os gibis da “Turma da Mônica”. Na 8ª série, passei para Pedro Bandeira, Os Karas. E no 1º ano no CEFET-RR, li todos os livros infato-juvenis, tipo uns 70 livros. Num ano.

A Meg Cabot não é a melhor escritora da história. Nem acredito que esteja entre as dez melhores. Nem que vá ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Entretanto ela tem a magia de fazer as pessoas se apaixonarem por ler. Tanto que foi a partir dela que eu me transformei numa livrólatra. E me apaixonei por seus livros, em especial "O diário da princesa", além de "A garota americana", "Garoto encontra garota", "Ídolo teen" e inúmeros outros.

Ler é um voyeurismo. É muito bom você saber da vida dos outros, dos problemas alheios, esquecendo os seus próprios problemas. Sabendo que o final será feliz.

A Meg é mestra nisso. Os personagens fictícios dela são EXTREMAMENTE REAIS. Principalmente a Mia Thermopolis de “O diário da princesa”. Os livros que se encerram ano que vem, com o 10º livro (!) da coleção, são em forma de diários. Nós sabemos absolutamente tudo da vida dela, desde que ela tinha 14 anos até os 18.

Nós sabemos de quem ela gostou, o que ela pensa, os seus namorados, seus segredos, suas brigas, seus sonhos. A Mia é nossa melhor amiga. É tão divertido, que ela mesma comenta nos diários sobre os filmes que foram feitos sobre a vida dela, sobre os seriados e filmes que ela gosta, sobre os acontecimentos mundiais.

Foi feito um site por uma amiga/inimiga dela “IHATEMIATHERMOPOLIS” (Eu odeio Mia Thermopolis) que realmente existe. E junto com o 10º livro vai ser lançado um livro escrito pela própria Mia. A Mia vai escrever um livro sobre outra personagem fictícia, criada por ela mesma.

Outro fato legal é que o livro é um romance muito real. Na maioria dos livros, o casal protagonista sofre o livro todo, vivem separados e brigando, e quando ficam juntos, o livro acaba. Nós sofremos o livro todo e nem temos o direito de aproveitarmos a união deles. Até mesmo em Harry Potter, quando a Gina fica com o Harry, e o Rony com a Hermione, a história termina.

No diário da princesa, a Mia e o Michael estão juntos desde o 3º livro até o 8º, contando dois anos. Nós curtimos todos os bons momentos e até os maus. Eles terminaram no 8º! Mas espero que voltem no último!!!

Além do mais, a linguagem da Meg é super cotidiana e de muito fácil leitura. É um ótimo remédio para aliviar a tensão e dar umas ótimas risadas. Entretanto, recomendo que leiam na seqüência. É fascinante!!!